terça-feira, 12 de julho de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

Educação On line, Novas Tecnologias e Cultura da Paz

Prof. MSc. Daniel Seidel
Este paper se propõe abordar o tema a partir da análise de três experiências que articulam a tríade: educação à distância, novas tecnologias e construção de cultura de Paz. A partir da breve análise procurar-se-á identificar as constantes a partir de GUIMARAES (2005) e, a partir, daí concluir criticamente acerca das potencialidades existentes no contexto atual para que a Educação on line e as novas tecnologias sejam reconhecidas como importantes ferramentas para edificação da Cultura da Paz.
São elas: 1) a formação permanente de Mediadores (as) de Conflitos (do Vida e Juventude); 2) a educação para paz em dois cursos da Católica Virtual; e 3) a mobilização para aprovação da Lei da Ficha Limpa no Congresso Nacional.
A Formação Permanente em Mediação de Conflitos, do Vida e Juventude, nasceu de dois dinamismos: o projeto-ação da CBJP e uma parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que proporcionou o encontro, no contexto da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2005 (“Fraternidade e Paz”), do conteúdo acerca de Educação para Paz, do Prof. Dr. Marcelo Rezende Guimarães e da metodologia Psicodramática, a partir da atuação do Prof. MSc. Daniel Seidel, resultando na formatação de um curso presencial de 20h para Capacitação de Mediadores (as) de Conflitos. A sistematização dessa ação resultou na publicação de um livro “Mediação de Conflitos: a solução de problemas pode estar em suas mãos” (2007) e na confecção de um vídeo, de mesmo nome, com um exemplo de um conflito mediado para ampliar a possibilidade de aprendizagem com o recurso audiovisual. O vídeo, a partir das várias demandas, foi transformado em pequenos vídeos, que foram disponibilizados no YouTube1.
O Vida e Juventude, a partir do aumento vertiginoso das demandas de Cursos de Capacitação, desenvolveu uma plataforma de aprendizagem virtual2, em ambiente moodle, aproveitando os recursos tecnológicos e a experiência da docência na Católica Virtual e atualmente, oferece cursos em todo o Brasil, com uma parte presencial e parte em Educação à Distância. Tendo atendido a demandas comunitárias, pastorais e públicas (como por exemplo, para Secretaria de Saúde do DF, Secretaria da Criança e Juventude do Estado do Paraná).
Esta Capacitação continua, atendendo agora a demandas oriundas da Promotoria de Justiça do Guará, em parceria com a SEDEST, por meio do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do Guará, que atende a demandas de conflitos também da Cidade Estrutural, realizando a formação permanente de mediadores (as), bem como atuando na mediação dos conflitos que são encaminhados pela referida Promotoria.
O segundo relato se refere a duas experiências que o autor realizou na Católica Virtual: a da Pós-graduação em Direitos Humanos3 e Proteção e a do Laboratório de Mediação de Conflitos do Curso de Tecnologia em Segurança e Ordem Pública (TECSOP)4.
A percepção da construção de uma Cultura de Paz, por demanda da SEDH, esteve permeando a construção coletiva e participativa da capacitação das equipes técnicas, gestores públicos e coordenadores das Organizações Sociais que integram as instâncias dos Programas de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas de Morte, que, distribuídos em 17 estados do Brasil, não teriam como participar de forma menos onerosa se não fosse por meio das possibilidades tecnológicas da Educação à Distância. Hoje existem mais de 50 monografias que versam sobre a sistematização das experiências e produção de conhecimento acerca dos Programas de Direitos Humanos, que até então não contavam com fontes acadêmicas para avaliação e monitoramento de seu desenvolvimento. Foram momentos onde a metodologia de interação no ambiente virtual, possibilitou a troca de experiências entre os participantes e com os professores-educadores, construindo saberes e produzindo sistematização da execução dos programas de Direitos Humanos.
Outra experiência que reúne os elementos motivo deste artigo foi a adaptação do curso de capacitação de mediadores para realização dos Laboratórios de mediação de conflitos (LMC) como parte integrante da grade curricular do 3º semestre do TECSOP, na disciplina “Prevenção, Mediação e Resolução de Conflitos”. Os referidos laboratórios (LMC) foram (e são) realizados em três sábados por semestre, com duração de quatro horas em cada sessão. Para atender a cerca de 1100 estudantes-policiais em cada laboratório promoveu-se curso de capacitação de facilitadores para os Laboratórios, realizando-se o ciclo completo de aprendizagem: planejamento-vivencial, realização dos LMC e supervisão da prática dos facilitadores. Cabe destacar que tanto no curso de facilitadores, quanto na disciplina, houve interação mediada por ambiente virtual de aprendizagem, principalmente para sistematização do vivenciado e compartilhamento das aprendizagens realizadas. Neste caso novamente houve a articulação de momentos presenciais e virtuais.
Finalmente, registra-se a terceira experiencia para compartilhar, qual seja a mobilização para conquistar a aprovação da Lei da Ficha Limpa. Várias foram as estratégias utilizadas: vídeo no youtube da lei 98405, distribuição pela internet das fichas de coletas de assinaturas, reuniões mediadas pelo SKYPE, página do MCCE6, mobilização 300 mil assinaturas em 30 dias com confecção de vídeo7, assinaturas eletrônicas pela AVAAZ8, pressão sobre parlamentares por email e telefone. Como resultado, a iniciativa popular recolheu mais de um milhão e seiscentas mil assinaturas e foi aprovada em menos de nove meses no Congresso Nacional, tornando-se a Lei Complementar nº 135/20109, contribuindo para aprimoramento do processo democrático brasileiro.
Nas palavras da Profª Lúcia Avelar, do Instituto de Ciência Política da UnB:
“ Nos desdobramentos do Projeto Ficha Limpa ficou claro o papel da militância digital. A participação política por via digital, ao acelerar a comunicação entre as pessoas, acaba fomentando e ampliando os espaços de debate. Em poucos dias, o apoio se expandiu. Outros “públicos” encontraram interlocução e se identificaram com a proposta. O acompanhamento continua. ”10
Assim, defende-se que essas experiências contribuem para articular um ambiente favorável à Cultura de Paz, porque se colocam, utilizando as categorias desenvolvidas pelo Professor Doutor em Educação para Paz, Marcelo Rezende Guimarães, em seu livro: “Educação para a paz: sentidos e dilemas” (2005) num marco conceitual que aponta para uma transição de paradigmas para compreensão da Paz,
“realizada em seis grandes passos, que consistiriam na passagem de um conceito negativo para um conceito positivo de paz (p. 187), na compreensão de que a paz não é um estado, mas um acontecimento (p. 191), na idéia de que a paz não se caracteriza a partir do conceito de identidade, mas da pluralidade, da multiplicidade cultural (p. 193), na superação da idéia da paz como ordem em favor de uma concepção dialógico-conflitiva (p. 195), na consideração de que a noção de paz não está ancorada na subjetividade, mas se estrutura na relação intersubjetiva (p. 201) e, por fim, na passagem de uma compreensão idealista de paz para um esforço de pensar a paz como um projeto e uma agenda a ser realizada (p. 203)”11(os números das páginas se referem ao livro de GUIMARAES, grifo do articulista).
À página 207, GUIMARAES (2005)12, defende uma “educação para a paz pós-metafísica”, configurada em duas perspectivas: a primeira, como um engajamento concreto numa comunidade pacificista, que encontra sua melhor definição nos círculos de paz; e a segunda, como um exercício da ação comunicativa, que se realiza plenamente nas oficinas de paz.
Finalmente, GUIMARÃES (2005), à página 272, declara:
“(...) a educação para a paz assume uma tarefa de oportunizar possibilidades de debates e pôr a nu esses mecanismos de fascínio e êxtase da violência, isto é, a própria produção cultural da violência e da guerra nos processos cotidianos da sociedade” (GUIMARÃES: 2005, 272).
Destarte, constata-se que as mencionadas experiências preenchem os quesitos para serem compreendidas como experimentos de promoção da Cultura da Paz, justamente porque articulam:
A criação de espaços de debate, onde se realiza o exercício da ação comunicativa, quando o professor-educador articula Fóruns, no ambiente da Educação On Line, onde ocorre a interação entre os estudantes e participantes, tanto no projeto do Vida e Juventude, como na proposta pedagógica da Católica Virtual; e assim também no âmbito do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral; O mesmo acontecendo na vivência dos encontros presenciais ou nos Laboratórios de Mediação de Conflitos, do TECSOP, ou no processo de construção participativa do Curso de Especialização em Direitos Humanos e Proteção;
A promoção do engajamento concreto na construção da Paz, visto que o curso de capacitação em Mediação e os Laboratórios de Mediação de Conflitos alteram profundamente a atitude dos participantes e estudantes diante dos conflitos vivenciados no cotidiano familiar, profissional ou social; assim também ocorrendo com os estudantes da pós-graduação em Direitos Humanos e Proteção a quem se possibilita o repensar de sua práxis nos Programas de Proteção a Vítimas e Testemunhas ameaçadas, reconhecendo os usuários como sujeito de direitos. A ação militante dos homens e mulheres que participaram da mobilização para aprovação da Lei da Ficha Limpa, cuja a história vale a pena conhecer13, materializam o próprio significado de transformar a luta pela paz numa agenda concreta de engajamento que permita fortalecer a democracia no Brasil.
Nesta conclusão, afirma-se a importância de se utilizar as novas tecnologias, bem como a Educação On-Line, como novas estratégias para articular a construção de uma Cultura de Paz, onde se realize a interação entre os participantes dentro dos ditames da ação comunicativa preconizada por Habermas (1987)14, motivando-se para o engajamento nas lutas pela transformação social, a partir do local, todavia com perspectiva da Cultura da Paz, que se realiza a partir do compromisso e da busca de resolução por mecanismos não-violentos dos conflitos da sociedade atual.
1 Confira os vídeos na sequência a partir do primeiro: http://www.youtube.com/watch?v=sOWUJofXTLA, consultado em 17/06/2011.
2 Conheça a página visitando o endereço: http://ead.vidaejuventude.org.br/, consultado em 17/06/2011.
3 Para saber sobre a Pós em Direitos Humanos, acesse: http://www.catolicavirtual.br/index.php/cursos/tecnologia-em-seguranca-publica/?page_id=57&curso=27, consulta realizada em 17/06/2011.
4 Conheça mais sobre o TECSOP, acessando: http://www.catolicavirtual.br/index.php/cursos/tecnologia-em-seguranca-publica/?page_id=57&curso=27, acesso realizado em 17/06/2011.
5 Confira o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=iiHNt6hwzWA, consultado em 17/06/2011.
6 Conheça a página do MCCE: http://www.mcce.org.br/node/13, consultada em 17/06/2011.
7 Assista ao vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Irs8X_h6REg, verificado em 17/06/2011.
8 Verifique a página da AVAAZ: http://www.avaaz.org/po/highlights--corruption.php, pesquisa realizada em 17/11/2011.
9 Texto integral da Lei disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp135.htm, consulta em 17/11/11
10 Confira artigo na íntegra: “Projeto Ficha Limpa: uma perspectiva para o futuro”, profª Lúcia Avelar, disponível em http://www.unb.br/noticias/unbagencia/artigo.php?id=273, consultado em 17/06/2011.
11 Conforme BOMBASSARO, Luiz Claudio, na Revista da UFRS EDUCAÇÃO, ano XXIX, n. 2 (59), p. 445 – 451, Maio/Ago. 2006, Porto Alegre-RS.
12 GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Educação para a paz: sentidos e dilemas. Caxias: EDUCS, 2005, 364 p.
13 Vide artigo de autoria de Daniel Seidel no livro: “Ficha Limpa: interpretada por juristas e responsáveis pela iniciativa popular”, Edipro, 2010, 376p.
14 HABERMAS, Jürgen. Teoria de la acción comunicativa I - Racionalidad de la acción y racionalización social. Madri: Taurus, 1987

segunda-feira, 30 de março de 2009

Apêndices da Dissertação de Mestrado de Jussara Seidel

7 APÊNDICES






Apêndice 1. Instrumento de Pesquisa para Educadores de Psicodrama sócio-educacional
Apêndice 2. Instrumento de Pesquisa para Teatro-educador
Apêndice 3. Instrumento de Pesquisa para Jogador
Apêndice 4. Entrevistas
Entrevistas com psicodramatistas 1 a 11 (P1 a P11)
Entrevistas com teatro-educadores 1 a 7 (T1 a T7)
Entrevistas com jogadores 1 a 17 (J1 a J17)

APÊNDICE 1

INSTRUMENTO DE PESQUISA
PARA EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

1. Como foi seu primeiro contato com o Psicodrama Sócio-Educacional? Como você começou a dar aula de Psicodrama? (Principais motivações, razões, crenças etc.)


2. Você pode relatar uma experiência onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de educador de psicodrama sócio-educacional e psicodramatista?


3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no psicodrama?


4. Ao realizar uma vivência psicodramática, como você identifica a emergência do protagonista? (Condições, critérios.)


5. Na sua prática, qual é o conceito de Protagonista?




Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado ___________________________
Formação Acadêmica (graduação/ano) ______ Pós-graduação: Mestrado/ano: _________
Doutorado/ano: __________________
Experiência em psicodrama (anos): ___________ Onde dá aula? ____________________
Outro tipo de trabalho em Psicodrama: (comunidade, clínica) _______________________
APÊNDICE 2

INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (Principais motivações, razões, crenças etc.)


2. Você pode relatar uma experiência onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de teatro-educador?


3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no teatro?


4. Como você identifica a emergência do protagonista? (Condições, critérios.)


5. Na sua prática, qual é o conceito de Protagonista?





Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado ___________________________
Formação Acadêmica (graduação/ano) ______ Pós-graduação: Mestrado/ano: _________
Doutorado/ano: __________________
Experiência em teatro (anos): ___________ Onde dá aula? _________________________
Outro tipo de trabalho em teatro: (diretor, ator etc.) _______________________________

APÊNDICE 3

INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo:

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas quatro aulas, até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?


2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas quatro aulas? O que proporcionou essa liberdade?


3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/“grupo” que em sua opinião foi protagonista.)


4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das quatro aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).


5. Depois de ter lido e vivenciado sobre Protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?


Identificação
Nome: ________________________________________________________________
Matrícula: _____________________________________________________________
Tem experiência com teatro? Qual? _________________________________________
Você já trabalha? ____________ Profissão: ___________________________________
APÊNDICE 4 – ENTREVISTAS

ENTREVISTAS – P1 A P11

P1
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Resposta por escrito

1. Como foi seu primeiro contato com o Psicodrama Sócio-Educacional? Como você começou a dar aula de Psicodrama? (principais motivações, razões, crenças etc.).
No local onde eu trabalhava um psicólogo fazia o curso com os argentinos. Quando conheci melhor o P. eu disse a mim mesmo: “é com isso que quero trabalhar”, fiz a formação e já ao final a associação me convidou para aula. Apaixonada pela metodologia e seus fundamentos eu assumi dar continuidade e mais que tudo dar aula para sócio-educacional eu que não era da área psi. As aulas eram todas dadas por psicoterapeutas o que modifica o olhar e a preocupação – foco é muito indivíduo na psicoterapia.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de educador de psicodrama sócio-educacional e psicodramatista.
De maneira clássica – grupo de alunos adultos educadores, de RH, assistentes sociais, um dos participantes traz uma angústia a respeito de um aluno que não progride. Mobilizou o grupo e trabalhamos o caso – não a angústia em si e sim o papel de professor (seria pesquisa psicoterápica trabalhar a angústia em si sua origem e não o papel social (Moreno) de educador, - trabalhei com a dimensão do papel de educador e não outros papéis. De maneira atual – sociodrama.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Psicodrama?
Trazer o olhar sentimentos e pensares do grupo, ele com a sua historia ou caso ou fato chama a centelha divina dos demais que por sua vez invertem com o autor que será o ator quando for convidado a assumir em cena, pondo-se no lugar do outro compartilhando emoções e sentindo que lá está parte de si.

4. Ao realizar uma vivência psicodramática, como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Não trabalho com protagonista em cena – ele centro das atenções já que em empresas – meu lócus de trabalho – seria expor um colega de trabalho – espaço onde exerce papel profissional trabalho com sociodrama tematizado onde o protagonista é o grupo... ou se o grupo traz uma situação – sempre trabalho com subgrupos para proteger as pessoas de se exporem e depois serem ridicularizadas ou virarem bode.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Respondi acima.

Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado. Guerreira – P1.
Formação Acadêmica (graduação/ano) Pedagogia – 1967. Pós-graduação: Mestrado/ano: término 1969.
Doutorado/ano: não.
Experiência em psicodrama (anos): 30 anos Onde dá aula? Convênio SOPSP/PUCSP.
Outro tipo de trabalho em Psicodrama: (comunidade, clínica) ORGANIZAÇÕES E EMPRESAS.


P2
INSTRUMENTO DE PESQUISA
PARA EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Resposta por escrito

1. Como foi seu primeiro contato com o Psicodrama Sócio-Educacional? Como você começou a dar aula de Psicodrama?(principais motivações, razões, crenças etc.).
Meu primeiro contato com psicodrama sócio-educacional foi ainda recém formada e no primeiro ano de formação, fui convidada a ser ego - auxiliar da professora de psicodrama no curso de Psicologia. Seis meses depois esta professora ficou gravemente doente e eu assumi o curso.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de educador de psicodrama sócio-educacional e psicodramatista.
Como dou aula no quinto e último ano da faculdade é comum que buscando entender um cliente atendido pelo aluno ou um determinado conceito, que um ou mais alunos não consegue entender eu esbarrar durante a dramatização com o tema do grupo que são variações sobre o medo de se formar.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Psicodrama?
A função do protagonista é sustentar a ação dramática. Ele exercerá tantos papéis quantos forem necessários a elucidação do drama.

4. Ao realizar uma vivência psicodramática, como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Minha primeira leitura é do grupo, como se coloca, a quem se dirige, em quem e em que centra a atenção. Como o grupo se coloca corporalmente, quem os movimentos corporais do grupo aponta. Vou perguntando ao grupo o que quer fazer e apontando o que percebo. Não tem uma fórmula.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Tenho pensado que o protagonista se revela na dramatização. Também que construir a possibilidade de protagonizar é uma das funções da terapia. Assim sendo para mim o protagonista é o que se torna ator autor de seu drama logo precede e não antecede a dramatização. Como você vê as perguntas anteriores respondi a partir do conceito mais tradicional de protagonista e agora quase que te digo não importa quem escolhemos para trabalhar ele deverá se transformar em protagonista a partir da dramatização.

Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado: P2
Formação Acadêmica (graduação/ano) 1974
Pós-graduação: Mestrado/ano: 1994
Experiência em psicodrama (anos): 31
Onde dá aula? Psicologia na PUCSP, formação em Psicodrama convênio SOPSP/PUCSP, Gaya em Campo Grande (MS)
Outro tipo de trabalho em Psicodrama: (comunidade, clínica)
Clínica e diversas comunidades, Centro Cultural São Paulo


P3
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada em junho de 2008
Congresso Brasileiro de Psicodrama, Recife (PE)

J – P3, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama.
F – Eu conheci 30 anos atrás, a partir de uma reportagem de jornal. Eu já trabalhava em Campinas como Psiquiatra e já estava fazendo grupos numa linha de base analítica. Quando eu entrei em contato com essa reportagem, aquilo me entusiasmou. Fui p SP, soube que tinha um curso de formação. Comecei a fazer o curso na XXXX e a partir disso que me tornei um psicodramatista e continuei a trabalhar com grupos até hoje.
E foi exatamente essa observação nos grupos e ouvindo falar de protagonistas. “As pessoas tinham a tendência de falar que Moreno chamou o protagonista para vir dramatizar, meus colegas diziam “vamos escolher protagonista aqui na platéia” eu pensava: “porque protagonista se nem começou nada”? (+)
Então na verdade ele é o representante do grupo. (+++)
O protagonista, lendo o próprio Moreno ele é um dos INSTRUMENTOS do psicodrama então é preciso que a sessão de psicodrama já tenha se começado, para existir o protagonista. E o que a gente tinha antes era um grupo, mas ainda não tinha uma sessão de psicodrama, embora a gente possa dizer que a sessão prevê também um pré-aquecimento.
Mas a dramatização em si ainda não tinha sido iniciada então eu fiz essa correlação: que protagonista é alguém que surge no contexto já dramático. (+)
Então nós temos a sessão de psicodrama, mas nós temos o contexto grupal e o contexto dramático. Hum-hum.
Enquanto no contexto grupal nós temos pessoas, grupos e subgrupos, que são representantes do grupo maior, que vão propor alguma dramatização ou vão se submeter a um processo da dramatização e é durante a dramatização que algum personagem no contexto dramático, vai destacar por algumas características e a esse personagem, vamos chamar de protagonista.
O quê, que o caracteriza (+): é aquele personagem, que se mostra como o próprio o nome fala, ele é o principal elemento.
No grego o termo protagonistés foi traduzido como o primeiro que agoniza, mas na verdade quer dizer que o principal que agoniza, então se é o principal então vamos ver quem é ele. (+++)
Em muitos filmes, muitas vezes que a gente assiste que tem um ator mais famoso, a gente acha que ele é o ator principal, quando vai assistir ao filme a gente descobre que não. Que tem outro que a gente nem conhece. Ai a gente fala “que papelzinho que ele fez, o outro que tomou toda a cena.”
No psicodrama também é assim, às vezes o personagem que vem para a dramatização, que eu nem chamo de personagem, é o ELEMENTO DO GRUPO. Ele vem como ator, que vai representar um personagem, como autor que vai criar esse personagem. Que personagem a gente não sabe qual é. Ele pode ser o Antônio e ele pode ser o macaco Simão ou o príncipe não sabe de onde. Dependendo de como a gente trabalha com a dramatização. Se a gente vai para a metáfora, ele vai ser um personagem metafórico. Mas sempre ele traduz o co-inconsciente e co-consciente do grupo. Se ele não for representante desse co-inconsciente e co-consciente, ele não é um protagonista e a gente vê que a cena não desenrola.
Porque o tema protagônico tem como elemento condutor o protagonista. O protagonista é que vai conduzindo esse tema protagônico.
Às vezes a gente passa por vários personagens que eu chamo de pré - protagônico até chegar no protagonista principal. Então, às vezes aparece o Antônio fazendo o papel dele como profissional numa cena de trabalho. Mas isso o remete a uma cena em que ele está no papel de pai ou de irmão para chegar em outra cena que ele está no outro papel amoroso, profissional e às vezes é no último papel que aparece a protagonização. (+++)

J – Qual é o papel principal desse protagonista no contexto dramático?
P3 – então, seria aquele que primeiro que questiona a sua própria ação, questiona a sua história e tem uma proposta de transformação. Ele é um questionador pessoal, questionador social e um proponente de transformação.
Toda a cena trazida é uma cena que está conservada no mal sentido. Então é uma cena parada, paralisada, buscando movimentação.
O protagonista é aquele que enxerga isso, questiona isso e tem uma proposta de transformação.

J – Na sua experiência, relate o surgimento do protagonista. Você está numa cena, como você o identifica. Que critérios você utiliza para dizer que aquele é o protagonista.
P3 – Critérios são esses (+++) tem no livro de Grupos da Marlene Marra alguns relatos de experiências, tem uma descrição do sociodrama de abertura. (+)
Então foi proposta que as pessoas trouxessem personagens que estivessem fazendo uma viagem comemorativa.
Então entre várias pessoas que se ofereceram foram escolhidas 4 histórias que eu propus pequenas dramatizações.
Então nestas histórias o primeiro personagem queria encontrar um professor do tempo de colégio que tinha sido meio rude com ela e ela queria dizer algumas coisas para esse professor. Na cena, que aconteceu, na conversa com o professor, o professor fez um erro de sintaxe e ela corrigiu e eu parei a cena aí, pois achei que ela já tinha feito a reparação. Ela tinha ao invés de ser aluna, virado professora, então bastava.
Na outra cena era um rapaz que queria voltar para o útero da mãe para afirmar a identidade dele. Na cena, perguntei: “você quer voltar para o útero da sua mãe?”. Ele disse que não, que só queria falar com ela. Nessa fala ele cantou uma música de exaltação da raça negra. Dizendo que ela estava dizendo para a mãe, que ele tinha muito orgulho e tinha saído de casa em certa época e tinha voltado agora para casa e orgulhoso da identidade dele. Então era uma reparação também.
Na outra cena era um grupo de estudante que tinham ido ver o show, mas tinham muita droga rolando no espaço e eles nem prestaram muita atenção. O que ela queria era ouvir de novo aquele show. Então a platéia cantou e ela reparou também.
A quarta cena que diz que sentia necessidade de entrar em contato com uma cena da infância dele. Diz que tinha ido à época de natal se figurante de um presépio vivo e ele queria voltar para aquela cena.
Então voltamos para aquela cena. Ele disse que tinha muito medo daquela cena. Então naquela cena, pusemos lá o presépio, representado por uma pessoa. Ele, com minha ajuda, como ego-auxiliar naquela hora, se aproximou da estátua ali. Ele quis modificar na estátua do presépio. Quero mexer com essa estátua. Sentou e começou a conversar com essa estátua. Disse que tinha muito medo, mas que agora estava mais à vontade. E daí ele começou a falar do psicodrama, que ele estava no Congresso. Era um Congresso em 2036. Que estava apresentando um trabalho, tinha escrito um livro e que 30 anos ele achava que era um simples estudante e achava que as pessoas eram muito melhores que ele. Ouvia falar dos mitos, que ele não sentia à vontade de participar e que ali ele estava sentindo à vontade. Ele tinha desmistificado o mito e sentindo ali na exposição.
Então, eu considerei as primeiras cenas, como pré-protagonistas. Eles fizeram a reparação de cenas passadas, foi bom para eles, mas não tinha o sentimento coletivo a não ser o sentimento coletivo a não ser de solidariedade àquelas pessoas.
Mas esse último ele pegou o tema do Congresso que era a história do Psicodrama. Então ele pegou os mitos. Na metáfora, ele pegou os mitos antigos, os alunos que sente que não tem espaço. Ele criou um espaço para ele ali. Ficou tudo na relação horizontal. Ele fez uma transformação. Ele juntou o passado, o presente e o futuro. Então nesse final eu considerei que ele foi O PROTAGONISTA. (+++)
Como soube disso? SÓ NO FINAL. (+)
Porque que isso aconteceu. Porque o primeiro o aluno desmistificou o professor quando ela se transformou em professora também.
“O outro reafirmou uma identidade “sou negro e me orgulho disso” ou “sou psicodramatista e me orgulho disso”.
A outra pode rever coisas que na época ela não pode ver. Ali também era a possibilidade de ampliar os olhos, sair de dentro de mim e olhar o de fora. Quando a gente tá drogado a gente olha mais para gente.
E o quarto foi aquele que a partir das ações dos pré-protagonistas ele sentiu liberado para a transformação final. Esse é o protagonista desse ato. Os outros eu chamaria de pré-protagonista. Poderia ter acontecido na primeira cena. Poderia. Mas aconteceu na última. A gente nunca sabe quando vai acontecer. A gente deve ajudar que isso aconteça e acreditar que co-consciente ou co-inconsciente estão atuando. Na medida em que a gente vai liberando espaço co-consciente ou co-inconsciente atuar, ele vai buscando esse fio condutor do projeto que está proposto ali. (+++)

J – Nesse sentido esse protagonista é possível treinar contribuir com protagonismo social.
P3 – No contexto social essa idéia do protagonista, nós também somos pré-protagonistas até a gente chegar a um estágio de protagonista de própria vida ou da vida social.
A muitos movimentos sociais são pré - protagônicos ainda. Estão preparando o caminho de uma protagonização no sentido de maior transformação. Então isso ajuda a gente fazer leituras mais pontuais de alguns eventos e não desacreditar e falar que não serviu para nada. Foi um evento que teve uma pré - protagonização para alguma coisa que vai entrar na sequência.
A gente deve propor essas seqüências, sabendo que a gente está num fio protagônico. O tema protagônico tem estágios, ele vai se fortalecendo com o co-consciente ou co-inconsciente. Ele não se faz com uma proposta isolada. A proposta isolada é o tema inicial.
Faz um evento chamado “Liberdade”. A gente está propondo o tema, se nós vamos chegar nisso não sabemos.
Mas a gente está buscando esse espaço de liberdade, para chegar onde? A gente quer liberdade para quê?
Acho que essas várias cenas no psicodrama elas nos remetem que na vida social temos várias cenas que vão encaminhando a gente para alguma transformação.

J: Obrigada!


Nome: P3
Médico Psiquiatra
Campinas (SP)
Instituto de Psicodrama e Psicoterapia de Campinas
Professor supervisor
30 anos no Psicodrama e educador.

P4
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada em junho de 2008
Congresso Brasileiro de Psicodrama, Recife (PE)

J – P4, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama.
P4 – eu tive meu primeiro contato, era adolescente, eu vi o Busto fazer uma apresentação no teatro em São José do Rio Preto, minha cidade de origem. Depois retomei isso na UNESP em Campos de Assis e tive como professor o José Roberto XXX, que na época me apresentou o Psicodrama e também saia naquele ano o livro do Alfredo L Neto Descolonizando o imaginário. A minha ida para o psicodrama tinha no primeiro momento tinha uma forte motivação “A arte”, que é por onde eu entrava. Eu achava a psicanálise tudo muito rígido, muito duro. O comportamentalismo que eu tinha uma formação mais forte, não me parecia um modelo para se trabalhar com humanos. Dava certo com ratos, mas com humanos não dava muito certo. Me parecia o psicodrama com uma via interessante de aproximação pela utilização da arte, basicamente o teatro.
Hum-hum.

J – É educador?
P4 – dou aulas, sou orientador de trabalhos e tenho grupos de supervisão no consultório. (+++)

J – Na sua prática relate para mim, experiências de protagonismo.
P4 – O conceito de protagonista para mim, nada tem haver com o conceito de líder. É muito diferente. Eu retomo o teatro grego, e entendo protagonista a partir dessa conceituação, que Moreno também faz esse trajeto. (+++)
Então é, o primeiro que agoniza mesmo. Não tem nada haver com conceito de líder, ou protagonista do filme americano. É uma outra coisa. Entendo desse modo. Nos meus grupos de terapia eu sempre trabalho com esse conceito. Ele é absolutamente vital.
E parece-me um dos conceitos mais interessantes que o psicodrama tem. São dois conceitos que o psicodrama tem que são originais e interessantes. O primeiro é o de protagonista e o segundo é conceito de co-inconsciente. E que se separar esses dois conceitos, me parece que se perde a riqueza. Se você não entender de papel, papel imaginário, papel social, papel psicodramático, você não vai entender o conceito de co-inconsciente e de protagonista. Para mim isso é vital que se respeite esta conceituação. No meu dia-a-dia eu sempre olho por ai. Necessariamente. Num grupo de terapia, ou num outro grupo qualquer que eu trabalhe, mesmo em sala de aula eu sempre levo em conta isso. (+)
Tema protagônico que é outro conceito que o Luiz Falivene desenvolveu e toda essa conceituação que Moreno traz, que Alfredo Nafá traz. Senão você não está fazendo psicodrama. Pode está fazendo outra coisa, que também pode ótimo, também. (+++)
Hum-hum.

J – Como você define o conceito de protagonista?
P4 – Falando assim sem ter um livro na frente?(+++). Hum-hum. Penso Protagonista como a emergência daquele que sofre que traz a dor de um jeito muito mais explícito, do jeito muito mais claro e a sua história faz imbricações com as outras histórias todas.
Então é alguém que traz esse drama, traz sua questão, necessariamente é um conflito. Ou seja, não é alguém que resolveu. Esse conflito revela a falência de um grupo, a falência de uma instituição, de uma relação. Se quiser, como exemplo, numa terapia de casal, por exemplo. Revela a falência de rituais, quer dizer tudo aquilo que a sociedade pensou até então e não está dando mais conta e de algum jeito o protagonista vai trazer esse drama de um jeito mais aberto e explícito. Hum-hum.
Então quando traz esse drama de algum jeito, puxa os fios de todas as outras histórias daquele grupo e de uma sociedade. (+)
Nós estamos falando assim: “eu sou João, eu estou vivendo um drama com meu patrão”. Esse drama não deve ser só meu esse drama deve ser de todos nós.
Agora trago, de um jeito mais didático, talvez mais limpo, mais claro e que todos podem entender aquilo que vou fazer no palco e tentar resolver isso.

J – E na sua experiência como você dá conta de identificar se esse “João” foi ou é o protagonista. Que critérios você utiliza?
P4 – Pois é, (+++) é uma coisa difícil, (+), mas vamos lá (+) que parece assim num primeiro momento, quando somos um psicodramatista jovem, a gente precisa fazer eleição. E eu também faço eleição quando eu não sei. Depois de 20 anos de trabalho, quando não tenho tanta clareza.
Mas normalmente com os anos de prática, você vai sabendo aonde a coisa pulsa mais forte. É muito nítido, falar aqui tem uma tensão, uma história, uma energia, algo muito tenso, que se eu entrar por aqui o grupo vai aproveitar mais. Quando nós temos dúvida, eu acho muito ruim o diretor que é autoritário, que impõe uma cena.
Hum-hum.
Quer dizer, eu acho muito legal, que a partir do grupo, a imersão do inconsciente grupal que permite que você possa fazer uma escolha desse tipo. Tenho idéia de imersão e de uma atitude mais analítica. Esses dois movimentos o diretor deve fazer o tempo todo. Ora ele está imerso naquela fala, naquela história, naquelas histórias que o grupo traz e num segundo momento uma atitude de mais análise, uma certa distância para ele poder olhar de outro jeito. (+++)

J: Obrigada!

Identificação: P4
Psicólogo formado pela UNESP em SP – SP
Psicodramatista, professor supervisor, pesquisador convidado no grupo de pesquisa da Unicamp – grupo VIOLAR – Violência e Imaginário. Parceira com ONG que atende adolescente.
Formado em 1985

P5
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada em junho de 2008
Congresso Brasileiro de Psicodrama, Recife (PE)

J – P5, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama.
P5 – Hum-hum. Vou te contar minha trajetória. (+++). Eu fiz a faculdade de psicologia na USP e me formei em 1980. Daí quando todos os meus amigos estavam montando consultórios, eu falei eu vou embora. Fui para Londres e morei um ano e meio fora do Brasil. Fiz algumas coisas que consegui cavar, (+) encontrar, (+) trabalhei no Hospital Dia, trabalhei com comunidade terapêutica do Maxwell XXX. Daí (+++) trabalhei em um Hospital com grupo de arte terapia. Fiz inglês, (+++) estudei, (+) viajei e quando voltei, falei: e agora José? (+++). É a vida. (+++).
Daí comecei a fazer mestrado na USP, meu orientador era o Lino de Macedo e fiz Mestrado e Doutorado. E o Lino é uma pessoa que está absolutamente implicada, com a educação, com construção de conhecimento, numa perspectiva construtivista piagetiana, e comecei a dar aula de desenvolvimento, porque ele me encaminhou, comecei dar aulas com esse objetivo. (+).
Isso foi 1983. 1984 comecei psicodrama especialização no XXX. Daí dando aula de desenvolvimento, estudando Moreno, falava “porra”, será que essas duas pessoas falam coisas complementares (+++) mas não são cingidas, um fala de desenvolvimento cognitivo, o outro de desenvolvimento afetivo-social e o ser humano é uma coisa só, sócio-afetivo-cognitivo e foi aí que nasceu a minha dissertação de mestrado. (+). Que foi Relações entre afetividade e cognição, de Moreno a Piaget. Que virou um livro. O nome da dissertação (+).
Hum-hum.
Níveis de desenvolvimento sócio afetivo cognitivo para a construção da identidade do indivíduo. Correlações entre Moreno e Piaget. (+++). E eu comecei a sacar mesmo que nesta construção de conhecimento o que estava envolvido era o ser humano inteiro com seus aspectos sócio-afetivos e cognitivos e que nesta articulação era possível ser desenhado um sujeito dono de um saber e, portanto, de um saber sobre ele e sobre o mundo. E fiz ai a minha dissertação pegando matriz de identidade, níveis de desenvolvimento, entendendo o que é construção estrutural, como se dá essa construção estrutural da perspectiva afetiva.
Daí (+) continuei o meu trabalho, fiz meu doutorado também nesta linha e na verdade o nome Psicodrama e construtivismo uma leitura psicopedagógica, estudo com crianças e adolescentes. Daí comecei a fazer a pesquisa prática tentando ver se aquilo que eu postulava enquanto teoria de verdade tinha articulação com a prática. Ou seja, se a construção de conhecimento das crianças a gente percebia uma correlação entre a possibilidade afetiva e a possibilidade estrutural, assim como nos adolescentes que um outro momento de arremate estrutural. (+++)
Foi bacana, foi isso mesmo. E continuei a estudar. Tem um momento a gente começa a dar mais que receber. Receber é a questão de a gente poder se debruçar nos livros e neste momento e muita orientação de monografia, consultório (+++) estou pesando num pós-doc (+++). XXX
Dessa trajetória faço link com tema protagônico que é o que você me pergunta, o que eu veja na construção de um grupo, que muito mais que a soma de indivíduos. Se percebermos o que acontece na sociodinâmica e na sociometria de um grupo você vai lendo quais são os temas que atravessam, quais são as subjetividades que esse grupo vai desenhando, atualizando ou dando visibilidade, você vai percebendo o que dito e não é dito, portanto a tricotomia social, esse movimento contínuo entre a matriz sociométrica e a realidade externa.
Movimento entre o visível e o invisível. Isso tudo é apaixonante porque o sujeito constrói seu conhecimento inserido em grupos e, portanto, esses temas vão engrossar o caldo de um processo subjetivação para esse sujeito que é o sujeito do próprio conhecimento. E foi interessante que na pesquisa de doutorado deu para sacar uma questão que trabalhei no livro que é “O bode expiatório” o quanto que num grupo, o bode expiatório é o inverso do protagonista. (+++). É aquele que não tem o respaldo e o referendo do grupo, em termos desse tema que esta sendo falado. E o protagonista tem.
Gosto muito do que Falivene nos conta que o personagem protagônico aparece na dramatização, no contexto dramático. Isso não significa que ao voltar para o contexto grupal, você não possa ler qual é o tema protagônico que você trabalhou. Dá para emprestar essa linguagem do contexto dramático para o grupal. É como se fosse mesmo a leitura destes três contextos como se fosse um holograma.
Hum-hum.
Você olha para aquilo que está acontecendo no dramático, mas na verdade ele referenda o que esta acontecendo no grupal e no social também e isso tem toda uma leitura com autores embasados do novo paradigma, Capra, Morin.
Edgar Morim fala que três grandes princípios para esse pensamento complexo. Um deles é o princípio hologramático, que a parte esta no todo e o todo está parte. Que Moreno já falava quando falava das etapas, contextos. (+).
Então quando estou em grupo, mesmo quando meu sujeito, no individual, o que vejo é o grupo dele interno. O que é que esse processo de subjetivação, dentro dele vai desenhando que personagens. E que personagens no contexto dramático e interno dele, de alguma maneira pode ser denominado protagônico e que conflito protagônico é esse e que tema protagônico, quais os temas que ele está trazendo no encontro terapêutico e no sócio-educacional é mesma coisa em relação a grupos. Então dá para que possa acompanhar que temas protagônicos estão sendo falados, vividos e subjetivados ao longo de um processo, e isso é pesquisa. Hum-hum.

J – Como você identifica o protagonismo. Qual é o seu jeito. Que critérios você utiliza?
P5 – No meu trabalho em consultório e também no sócio-educacional, quando atendo grupo, vejo o que as pessoas estão falando, ressonâncias nos outros, dessas ressonâncias, que temas que eles acham que estão sendo falado e qual que naquele momento eles vão escolher. (+++).
Mas por enquanto a gente não está no terreno do conflito protagônico, a gente está no terreno do tema emergente, a partir da pinçada de qual é o tema emergente, vai-se trabalhar e no contexto dramático vai nascer o conflito e nesse conflito eu vejo qual é o personagem protagônico que depois fazemos amarração no contexto grupal o que ressoa de novo para cada um, qual é a sua história que pega e linca XXX com aquilo, por conta disso o tema foi eleito tema emergente.
No sócio-educacional é igual, o contrato e os objetivos são diferentes.

J – Para você qual é então, o conceito de protagonista?
P5 – É o primeiro combatente, que empresta sua alma, corpo, pensamentos, sentimentos, para dar conta de dar visibilidade para algo que vai para além dele, que é o grupo, que é dele, mas que é para além dele, que é referendado e referenda. E que isso pode ser mais visível dentro de um contexto dramático, onde tem a visibilidade de um conflito, e esse protagonista, ou seja, antagonista, ou outro personagem que entra no papel complementar patológico ou saudável. E daí depois volta para o contexto grupal e faz os arremates no social.
(+++).

J – Então, obrigada!

Identificação: P5
Psicóloga. Mais de 20 anos de atuação no Psicodrama Clínico e Comunitário.


P6
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EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada em junho de 2008
Congresso Brasileiro de Psicodrama, Recife (PE)

J – P3, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama.
P6 – Hum-hum. (+). Olha, eu tive as primeiras informações no meu curso de graduação, que foi em 1968 a 1972. Talvez em 71, por ai. Pierre Weil foi convidado no RJ numa Universidade particular, Santa XXX fazer uma palestra sobre psicodrama. Eu nem sabia o que era e nem nada. Mas achei interessante o seguinte, que ele tentando explicar a técnica de inversão de papéis, e era uma cena em que o paciente dele que era pai, tinha dado um tabefe na cara no filho, porque o filho o desacatou. E lá (+++) na cena, na dramatização houve uma inversão, certamente, com ego - auxiliar, em que o principal (pai) que bateu no filho, ficou no lugar do filho e outro ego - auxiliar bateu nele. Eu confesso que não entendia nada. Naquele momento achei que o psicodrama era a terapia da “porrada”. Falei não entendi nada. (+++).
Outro tempo houve na PUC teve uma jornada. Tinha o pessoal de psicodrama. Cheguei no salão estava tão lotado, que não conseguia entrar. Eu só ouvia assim: uhhh. Parecia torcida de jogo assim. Era psicodrama. (+).
Uma colega minha de faculdade namorava um rapaz em SP e ela ia lá final de semana e dizia em SP tem psicodrama, no RJ precisaria mais. Uns anos depois já formado eu fiz uma especialização em coordenação de grupo, treino em grupo. E houve uma jornada de terapia de grupo. Uma das modalidades era o Psicodrama com o Fonseca e Cesarini. Eu fiquei naquele grupo para ver o que era e explicaram. Por ai eu me interessei por psicodrama. (+) Quem convocou foi o Ronald de Carvalho. Psicodramatista já falecido e pioneiro, disse que teria um grupo de formação e eu disse que estaria interessado. E a partir de 77, julho por ai, comecei a formação através do Fonseca.
Fazia terapia uma vez por mês, uma maratona. Depois a parte teórica. E foi por ai que conheci e fui descobrindo (+++)
Hum-hum.

J – Você atua mais com grupo ou individual?
P6 – Hoje mais individual, mas sempre atuei com grupos. (+++)

J – E como você identifica a emergência do protagonista. Que critérios você utiliza?
P6 – (+++) bem, como diretor de grupo, aquela parte inicial do aquecimento, eu utilizo com o propósito de surgir o protagonista.
Geralmente cada um entrava num aquecimento inespecífico, ia trazendo seus temas, questões, emoções daquele dia e os que se candidatavam o grupo escolhia. E de alguma maneira o protagonista surgia a partir do aquecimento e da escolha do grupo. Muitas vezes já chegava no grupo alguém muito mobilizado com uma questão e de alguma maneira ele quase surgia já com protagonista e com o aceite do grupo também, já que ele estava muito mobilizado. Mas eu notava também que surgia o tema, às vezes não tinha um protagonista individual com uma questão. O grupo estava muito mobilizado por uma questão. Então entendia que existia um tema protagônico. Ou a violência ou outro tema qualquer. Era um tema que todo mundo estava mobilizado e às vezes a partir desse tema que alguém trazia uma questão pessoal que pudesse representar esse tema. O aquecimento era o tema protagônico. O protagonista se encaixou ai. Era o grupo também.

J – Qual é o conceito do protagonista para você?
P6 – Hum-hum. (+). Aquele que estaria representando o drama do grupo. Havia lá o tema do grupo e aquele que encarnou esse tema e vai lá vivencia e dramatiza. Esse também é o conceito e o papel.

Identificação: P6
Formação: Licenciado em Filosofia pela Federal de Curitiba.
Formação de Psicólogo no RJ.
Mestrado em Psicologia.
Formação de Psicodrama
Carreira de Professor Universitário por muito tempo de Dinâmicas de Grupo e também dá aula de Psicodrama. Professor didata e professor supervisor do RJ. Atua também em consultório particular. Com psicodrama clínico e comunitário.

P7
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EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada em junho de 2008
Congresso Brasileiro de Psicodrama, Recife (PE)

J – P7, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama, um pouco isso. A questão do grupo como protagonista...
P7 – Tá (+++). O psicodrama, conheci durante a faculdade, meio por acaso, (+) por um colega de sala que comentou que tinha um psicodramatista que queria oferecer um curso de introdução ao psicodrama. E falei: “vamos saber o que é isso, vamos conhecer”. Estava no terceiro ano da faculdade, fiz esse curso de introdução, comecei a fazer terapia com essa pessoa, foi meu primeiro terapeuta. Aliás, foi uma coisa interessante, na época não tinha como pagar a terapia, mas eu sei tocar violão, (+++) então eu dava aula de violão para ele e pagava a terapia e depois de algum tempo eu passei a trabalhar como ego - auxiliar com ele em um grupo de terapia e isso durou mais menos 2 anos até terminar a faculdade. Mas do que eu via ali comecei a achar que o psicodrama era muito “fraquinho”, em termos teóricos, muito simplório em algumas questões, estava abandonando o psicodrama até que uma colega estava prestando mestrado na PUC- SP, meu deu um texto, dizendo esse cara aqui é psicodramatista, dá uma olhada, e eu li e era um texto do Nafá, e aí eu disse: esse psicodrama é outro, então eu não conheço psicodrama. (+++) Ai (+) me reaproximei do psicodrama, comecei a fazer formação em Campinas. No Instituto de Psicodrama em 1985. Até hoje estou no Psicodrama, estou envolvido, trabalho como isso. A trajetória em grosso modo por aí. (+++)

J – E para você quem é esse Protagonista, papel, como você identifica, conseguiu criar critérios próprios?
P7 – Olha, vou usar tua própria fala, quando diz o grupo como protagonista, é uma questão que permeia um pouco o que eu vou falar. Primeiro lugar (+++) acho que é a idéia de protagonista, o conceito de protagonista e a instrumentalização do protagonismo é uma das pérolas que Moreno vislumbrou. (+).
Então, a gente sabe que veio do teatro isso, ele não inventou, mas ele percebeu, (+++) a bem da verdade, não sei se ele percebeu isso e se com o tempo a gente foi percebendo (+), que existe, quando você implementa o instrumento do psicodrama, quando você cria com o grupo um contexto dramático que emerge do grupo uma confluência de forças, e que essa confluência tem uma resultante numa emergente, numa personagem, numa pessoa, para gente esse personagem é o protagonista. Porque é uma pérola isso, (+++) porque via esse protagonista, você trabalha todo um grupo. Então é um instrumento rico, que facilita a direção. Fato de você ter um protagonista que foi escolhido que catalisa essa confluência de forças, faz com que simplifique o trabalho do diretor, porque ele tem um foco, tem um foco mais estabelecido. (+). Eu particularmente sigo essa, eu vislumbro essa potência, essa força. Então vejo a questão do protagonismo dessa forma, via método do psicodrama, a gente cria um contexto dramático, mas quando a gente está no contexto grupal, a gente elege um emergente. É emergente ainda, porque ele não é protagonista. Ele vai se confirmar como protagonista ou não no contexto dramático e essa contribuição que o Luiz Falivene trouxe.
Então entendendo ali, o protagonista como um personagem do contexto dramático. Mesmo que seja eu, P7 que esteja no contexto dramático trazendo uma cena minha. Se o contexto dramático estou me colocando ali como personagem. Por isso que fica fácil de irradiar e de derivar para as outras pessoas que estão no grupo. Porque é uma personagem que onde a gente pode projetar coisas, a gente se identifica com coisas, não só a questão individual do P7 que está sendo posta ali. Foi escolhida essa cena, porque essa cena está sendo representativa. Às vezes mais, às vezes menos. Não dá para dizer que sempre existe um protagonismo que é representativo de todas aquelas pessoas o tempo todo. Mas por esse processo de escolha, de aquecimento, de implementação do contexto dramático, existe uma força relativa ali, que está presente e dali então a emergência e a protagonização. (+++)

J – Tá. Então para você qual é conceito de protagonista para você?
P7 – Ok. (+++). É mais fácil dizer o que é protagonista é um personagem que emerge, que vem do emergente do contexto grupal, que se caracteriza como tal, como protagonista, no contexto dramático via um personagem.
Estou me lembrando de uma coisa do grupo enquanto protagonista.(+++). Segundo essa definição de que o protagonista é um personagem do contexto dramático, por essa definição não dá para dizer que o grupo é protagonista. É personagem do contexto dramático que está referendado por esse grupo. Acho que a gente fala, eu também falo, mas de um modo genérico... esse grupo foi protagonista dessa situação social... os estudantes na França foram protagonistas do maio de 1968. Dá para colocar nestes termos. Mas se a gente for um pouco mais rigoroso, em termos conceituais no psicodrama eu me pauto por esse conceito.
Então como personagem de contexto dramático.
Sendo assim não dá para dizer que o grupo é protagonista, pois não é o grupo que está como personagem único.

Identificação: P7
Psicólogo de formação
Especialização em Psicodrama
Concluindo Doutorado e está fazendo interlocução do Psicodrama com Análise Institucional.
Dá aula de psicodrama
Atua desde 1987.


P8
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EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Resposta por escrito

1. Como foi seu primeiro contato com o Psicodrama Sócio-Educacional? Como você começou a dar aula de Psicodrama? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Iniciei a formação em Psicodrama em 1986. Na época, não havia distinção entre Psicodrama clínico e sócio-educacional (quem fazia Psicodrama não-clínico geralmente eram os pedagogos e era chamado de Psicodrama Pedagógico). No início dos anos 90, a Febrap, por meio de suas reuniões, encontros e congressos de Psicodrama definiu que haveria dois tipos de formação, o clínico e o sócio-educacional. Participei de algumas discussões neste período, pois entendia que a formação deveria ser uma só - conhecimento de “Socionomia” - e a prática supervisionada direcionaria a especialidade. Sempre atuei nas duas áreas, desde o início de minha formação.
Assim que recebi o título de didata, em 1992, ministrei aulas de Psicodrama, principalmente na Associação Brasiliense de Psicodrama. Acredito que é uma importante ferramenta para dar voz às minorias e oprimidos, contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, desenvolver a cidadania e a politicidade, promover saúde mental e relacional. Por isso e muito mais, acredito que o Psicodrama seja imprescindível para nossa sociedade.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de educador de psicodrama sócio-educacional e psicodramatista.
São várias, pois já realizei centenas de sociodramas e intervenções sociátricas. Não se tem como trabalhar, com este método, sem protagonista (ou tema protagônico), pois ele é a base do trabalho.

Dou o exemplo de um sociodrama da inclusão racial na UnB:
A unidade funcional constituiu-se da diretora Maria da Penha Nery e da ego-auxiliar Maria Inês Gandolfo Conceição. Estavam presentes 32 alunos do 6º ao último semestre do curso de Psicologia da UnB, sendo sete homens e 25 mulheres. A média de idade dos alunos foi de 22 anos.
Neste sociodrama ficou evidente o quanto o tema mobilizara os participantes, possibilitando cenas marcantes, com os protagonistas, que emergiram por meio dos personagens: negro sem voz e negra discriminada. No compartilhar, o estudante negro que fez o personagem negro sem voz, emocionou todos os participantes ao dar voz aos discriminados, por meio de uma música.
Para o aquecimento inespecífico, a diretora fez uma exposição inicial sobre o evento e solicitou aos alunos que respondessem individualmente a um questionário sobre o tema “inclusão racial na UnB”, com as perguntas: 1) Estou percebendo, no cotidiano da academia, as relações raciais na UnB? De que forma e em que contextos?; 2) Como estou participando da inclusão racial na UnB?; 3) Como as relações raciais na UnB afetam minha vida?; 4) Descreva uma cena que você tenha vivido relacionada à inclusão racial na UnB. (que tenha início, meio e fim); 5) Quais sentimentos/emoções estiveram presentes nessa cena?
Após este aquecimento, o grupo de alunos foi divido em três subgrupos, designados, respectivamente, como grupo A, B e C. Nos subgrupos, cada participante foi orientado a compartilhar a cena pensada na atividade anterior. Em seguida, pediu-se que cada subgrupo escolhesse uma cena e programasse uma dramatização.
Feito isso, cada subgrupo apresentou sua dramatização e a platéia conversou com os personagens. Para finalizar a dramatização, fez-se uma cena da “inclusão racial” elaborada por todos. Por último, partiu-se para os comentários e fechamento com chuva de palavras e sentimentos.

Descrição das dramatizações:

Grupo A/ Cena 1
Cena: Alguns estudantes param diante de um cartaz que anuncia um debate sobre o sistema de cotas. Há dois estudantes que fazem o papel do “indiferente”, um que faz o papel do “cartaz”, dois que fazem papel dos “favoráveis”, três que fazem papel dos “contrários às cotas” e um que faz o papel de “transeunte”.
Personagem “Cartaz”: “Venham fazer o vestibular! Há reserva de 20% das vagas para o candidato negro!”
Personagens “indiferença”: “Isso não me toca!” “Não tenha nada a ver com isso” “Não entendo desse assunto...” “Não me importo com isso.”
Personagens “favoráveis”: “Os negros precisam da compensação histórica!” “Que bom que eles terão uma chance que os favorecerá!” “É preciso que eles lutem contra tanta discriminação! Eles terão mais chances sociais!”
Personagens “contrários às cotas”: “Isso é um absurdo! Favorecer uma parte da população é discriminar!” “Tantos estudaram mais, terão melhor desempenho e não poderão passar!” “Isso valeria para o pobre, ele é que não tem acesso à universidade!” “Vou dizer a frase especial: é assim que começa a discriminação, quando se julga a diferença!”
Transeunte: (Passa, olha e sai rápido...)
Diretora: “Aplausos para essa cena. Agora faremos um diálogo Platéia/Personagens. Platéia pode perguntar ou fazer algum parecer para um personagem.”
Platéia para o personagem “desfavorável”: “E, o que é fechar os olhos para a diferença?”
Personagem “desfavorável”: “O problema começa quando se dá conotação de valor para um ou outro diferente.”
Platéia: “Transeunte, por que você não faz nada? Só passa?”
Transeunte: “Há um tumulto ali! Não sei o que está acontecendo, tenho pressa, vou embora!”
Platéia: “É preciso ver o diferente, fazer algo por ele”.

Grupo B/Cena 2
Cena: Os candidatos às vagas proporcionadas pelo sistema de cotas do vestibular fazem fila para tirar foto. A foto é examinada pelo fotógrafo, que dá o veredito se o sujeito é negro ou não, para fazer parte do sistema. Há um personagem de joelhos (negro sem voz), com as mãos para trás.
Personagem “fotógrafo”: “Próximo!”
Personagem “candidato”- (Sai da fila e se senta na cadeira de frente ao fotógrafo).
Fotógrafo bate a foto e logo depois diz: “Você está aprovado.” Chama outro, bate a foto e diz: “Você está reprovado”. Chama outro, bate a foto e diz: “Estou com dúvida, aguarde...”
Diretora: “O que vocês estão sentindo nesses personagens?”
Personagem candidato reprovado: “Estou me sentindo com muita raiva, se pudesse esmurraria ela, mas não posso... é uma injustiça!”
Personagem candidato aprovado: “Estou feliz, minha maquiagem funcionou!”
Personagem candidato que está aguardando: “Eu vim tentar aqui, se não der vou para o sistema geral...”
Personagens candidatos na fila: “Estou envergonhado!, Eu também, Muita vergonha, vergonha.”
Fotógrafo: “Não sinto nada... é minha tarefa!”
Diretora se dirige ao Personagem ajoelhado: “E você? Quem é?”
Personagem ajoelhado, cabeça baixa e mãos para trás: “Sinhá, sou um negro sem voz! Vim aqui para obedecer e sofrer! Tem gente que aprende a amar assim!”
Fotógrafo: “Venha tirar sua foto! É permitido!”
Personagem Negro sem voz: “Sinhô mandô, eu vô! Mas não tenho certeza de participar!”
Diretora: “Só um momento... como você se sente, nessa posição?”
Personagem negro sem voz: “Sinhá, nasci para viver isso! Não tem outro jeito! Só me resta trabalhar! Sou um resignado.”
Ego-Auxiliar: “Se você tivesse voz, o que diria?”
Personagem negro sem voz: (Canta uma música sobre escravos) e diz: “Eu só desejo um futuro melhor pros meus filhos...”
Diretora: “Alguém da platéia poderia se imaginar no lugar dele e dizer por ele o que ele sente ou vive?”
Ninguém se manifestou.
Personagem negro sem voz (grita): “Tem algum nego aqui? Não! Tem que ser nego pra falar de nego!”
Silêncio por uns segundos.
Diretora: “Aplausos para essa cena. Agora faremos um diálogo Platéia/Personagens. Platéia pode perguntar ou fazer algum parecer para um personagem.”
Platéia: “Qual é a cor de vocês, aí na fila?”
Personagens Candidatos ao Sistema de Cotas na fila: “Essa cor que vocês estão vendo!...” (todos eram brancos).
Platéia: “Mas vocês não passaram no exame da foto!”
Personagens Candidatos ao sistema de cotas: “Todos têm o direito de se candidatar também por aqui! Se não der, nos inscreveremos normalmente”.

Grupo C/Cena 3
Cena: Uma professora traz o tema de cotas para os negros nas universidades em sala de aula.
Professora: “O que vocês estão pensando sobre as cotas na Universidade? De que forma vocês entraram?”
Estudante A: “É uma tremenda injustiça...”
Estudante B: “Não me importo com isso...”
Estudante C: “A sala está mais diferente. Eu não me lembro de colegas negros, até então...”
Estudante branca que entrou pelas cotas por ter descendência negra: “Eu passei... A maior parte dos meus colegas não acreditou que eu pudesse ser aprovada no exame da foto! Sou descendente de negro. Usei uma maquiagem que ajudou um pouco... Sou trapaceira mesmo!”
Estudante negro incluído pelo sistema: “Fiz todos os cursinhos, tenho ótimas condições financeiras. Depois de três vestibulares, a cota facilitou!”
Estudante negra discriminada: “Eu não fiz o vestibular pelo sistema de cotas. Sinto que todos me olham e pensam: aquela ali está aqui só por causa das cotas... E isso não é verdade. Eu fiz o vestibular normal...Sinto muita discriminação...”
Diretora, dirigindo-se para o restante da turma: “Alguém de vocês quer dizer como se sente?”
Professora: “Nossa, não sabia que ia ser tão polêmico...Estou tentando apaziguar!”
Estudante D: “Estou sentindo muita agonia...”
Estudante E: “Estou triste.”
Diretora: “Aplausos para essa cena. Agora faremos um diálogo Platéia/Personagens. Platéia pode perguntar ou fazer algum parecer para um personagem.”
Platéia: “Não tenho pergunta para personagem, apenas me veio que as cotas deveriam ser para os pobres e não em relação ao critério cor.”
Platéia: “Essa cena mostra o que eu tenho medo: o aumento do preconceito.”
Diretor: “Personagens, o que vocês têm a dizer sobre esses comentários?”
Estudante C: “Apesar de tudo, acho que é muito bom conviver com a diferença.”

Todos/Cena 4
Diretora: “Agora, vamos fazer um grande círculo, entre nós. Digam quais personagens foram mais marcantes para vocês?”
Participantes: “O negro sem voz.”
Diretora: “Todos concordam?”
Outros participantes: “A negra que se sente discriminada.”
Diretora: “Venham para o centro do círculo esses dois personagens. Façam a expressão corporal desses personagens. Quem se identifica com o negro sem voz, fique atrás dele. Quem se identifica com a negra discriminada, fique atrás dela.”
Dois participantes não se identificavam: “Preciso me identificar?”
Diretora: “Escolha um deles, que mais te mobilizou.”
Diretora: “Agora que vocês escolheram, sintam como se fossem esse personagem. Façam a expressão corporal dele. Tentem lhe dar uma história de vida. Qual o sentimento de vocês?”
Os participantes no papel de negra discriminada: “Estou com muita raiva.” “Sinto-me triste.” “Sinto-me impotente.” “Sinto que não me entendem.”
Os participantes no papel do negro sem voz e de joelhos: “Dói muito estar aqui.” “Não há o que fazer!” “Não sei lutar por mim!” “Tudo o que faço eles não vêem.” “Sinto-me excluído.” “Fico isolado!” “Sinto-me desrespeitado.”
Diretora: “Agora é hora de nossos comentários. Podem sair dos personagens e vamos formar a plenária.”

Comentários dos participantes
Aluna: “No Brasil há hipocrisia. As pessoas discriminam e dizem que não discriminam. Os brancos fazem filmes ou músicas sobre negros e pobres, mas só para ganhar em cima disso! Eu prefiro a cultura européia à africana... mas tem produções dos negros que me fazem chorar ou me tocam profundamente... Acho que deveria se acabar com a hipocrisia, antes de qualquer política.”
Aluno: “Esse sociodrama me trouxe que, para mim, branco, descendente de alemães, é muito complicado me imaginar no lugar do negro. É uma realidade muito distante para mim. Não sei como me empatizar e lidar com isso. Mas, fiquei muito mobilizado!”
Aluna: “Ainda penso que o problema está em dar valor às diferenças, privilegiar mais uns e menos outros.”
Aluno: “As cotas podem trazer a junção: Negro=Burro.”
Aluna: “O país vive um problema maior que é o social. A educação deveria ser para todos e de qualidade.”
Aluna: “Cada um vê o mundo segundo sua perspectiva... Será que todos aqui já pararam para refletir profundamente sobre esse assunto?”
Aluno: “Ainda não é o Estado que ataca o problema racial, são as instituições de ensino. A prioridade desse programa é o ataque ao racismo. Quero cantar uma música, posso? É para mostrar para vocês um pouco mais do sofrimento dos negros.”
Diretora: “Sim, venha aqui, mais no centro.”
Aluno: “É uma música sobre racismo e a luta dos negros... A música é ‘Redemption Song’” de Bob Marley” (Canta a música):“Old pirates yes they rob ISold I to the merchant shipsMinutes after they took I from theBottom less pitBut my hand was made strongBy the hand of the almightyWe forward in this generation triumphantlyAll I ever had is songs of freedomWon't you help to sing these songs of freedomCause all I ever had redemption songs, redemption songsEmancipate yourselves from mental slaveryNone but ourselves can free our mindsHave no fear for atomic energyCause none of them can stop the timeHow long shall they kill our prophetsWhile we stand aside and lookSome say it's just a part of itWe've got to fulfill the bookWon't you help to sing, these songs of freedomCause all I ever had, redemption songs, redemption songs, redemption songsEmancipate yourselves from mental slaveryNone but ourselves can free our mindsHave no fear for atomic energyCause none of them can stop the timeHow long shall they kill our prophetsWhile we stand aside and lookYes some say it's just part of itWe've got to fulfill the bookWon't you help to sing, these songs of freedomCause all I ever had, redemption songsAll I ever had, redemption songs
These songs of freedom, songs of freedom”
Aluna: “Essa música é muito comovente”.
Aluno: “Pra que tanta discriminação pela cor? É preciso ver a pessoa, não a cor!”
Aluna: “Li um livro sobre discriminação racial e o personagem negro sem voz me deixou profundamente emocionada. Eu passei a entender melhor a questão racial.”


Protagonismos e sentimentos:
Os personagens protagônicos do sociodrama foram o negro sem voz e a negra discriminada. A cena protagônica de conflito racial foi a cena 2, grupo B (sala de aula). Predominaram inicialmente os seguintes sentimentos e falas: dúvida, injustiça, tristeza, preconceito, discriminação, necessário, racismo. Ao longo do evento os sentimentos foram: agonia, injustiça, indiferença, tristeza, discriminação, alegria por levar vantagem, impotência. No desempenho dos papéis, os sentimentos dos personagens protagônicos foram: dor, raiva, impotência, desejo de libertação, desrespeito, exclusão e isolamento. Durante os comentários sugiram os sentimentos: receio, vontade de conhecer mais, indignação, injustiça, desejo de convencimento.

(A análise deste sociodrama está na Revista da Febrap: Nery, M. P.; Conceição, M. I. G. Sociodrama da inclusão racial: quebrando a inércia. Revista Brasileira de Psicodrama, v.14, n.1, 2006, p.105-119.)

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Psicodrama?
O protagonista é o motor da sessão sociátrica. Sem ele o drama coletivo é explorado de maneira superficial, promovendo a manutenção das conservas de conduta e a co-criação não ocorre. O protagonista escancara do drama coletivo, vai no cerne do conflito, traz a verdade psicodramática para ser encaminhada para uma cena reparatória.

O manejo do diretor deve buscar a emancipação das opressões do protagonista e direcionar o grupo para transformações sócio-políticas. Trata-se do refazimento das relações de poder, no sentido do bem estar social. Caso contrário, tanto o protagonista, quanto o grupo são manipulados para a manutenção do status quo social de desigualdade e injustiça social. Por isso, é fundamental a consciência crítica de nosso trabalho, para saber o quê, para quem e para quê estamos trabalhando.

4. Ao realizar uma vivência psicodramática, como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios).
O aquecimento para mim, é a etapa fundamental de uma sessão. Ele faz brotar o protagonista e, se mantido, a co-criação é possível. Porém, uma leitura socionômica nos ajuda a captar o clima emocional, o momento do grupo, os tipos de conflitos, para intervirmos com aquecimentos e técnicas adequadas. O treinamento e a sensibilidade são as bases da eficácia da intervenção do psicodramatista.

No início da sessão, é preciso lidar com a fase de indiferenciação, quando o grupo ainda está tímido, temeroso, para se gerar clima de continência e confiança. Então, surgem apenas os “emergentes” grupais. Pessoas que falam sobre os problemas do grupo, mas não os aprofundam e não os representam. É preciso ter paciência e continuar o processo de vinculação, para que, aos poucos, o grupo entre em seus conflitos e surja o protagonista ou o tema protagônico prevaleça. Pode ser que o grupo trabalhe até a fase da dramatização sem protagonista e ele surja por meio de um personagem. Este captará a atenção e participação da platéia, tornando-a mais ativa, pois efetivamente a representa.

As condições e os critérios é seguir a criação conjunta, não temer os conflitos, acreditar que as pessoas têm potencial terapêutico e que surgirá o protagonista. Quando ele surgir, nosso treino nos ajudará a aproveitar a ocasião para o trabalho aprofundado do conflito e produção da cena reparatória.

Nem sempre o diretor tem sucesso em trabalhar a fase de indiferenciação, os temores e as resistências do grupo. Pode haver o “falso protagonista”, alguém que chama a atenção do grupo, porém não o representa, efetivamente. Todo grupo teme aprofundar seus conflitos e tenta se proteger, ora buscando apenas a ludicidade, a racionalidade ou não permitindo a emergência do protagonista. Aí se encontra nossa arte, a de contribuir para o real enfrentamento dos dramas e para sua liberação.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Moreno definia o protagonista como o primeiro que agoniza no grupo, o primeiro que clama pelos dramas grupais, aquele que por meio dele o drama coletivo será (re)vivido.

Atualmente este conceito é revisto e na minha prática, muitas vezes o protagonista não emerge espontaneamente do grupo, mas surge de uma cena, por meio de personagens. Também pode ocorrer de não haver participante ou personagem protagonista, sendo o caso de buscar o tema protagônico, ou seja o tema-chave para exploração dos conflitos do grupo. Neste sentido, compactuo com as revisões do conceito de Falivene Alves... Veja em Falivene Alves, L. (1999). O protagonista e o tema protagônico. In: Almeida, W. C. (Org.). Grupos: a proposta do psicodrama. São Paulo: Ágora, p.89-100, e no artigo de Knobel e Falivene Alves no livro Grupos – intervenções sociopsicodramáticas, de Marra e Fleury (Org.). (2008).

Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado: P8
Formação Acadêmica (graduação/ano) – Psicologia, 1986 – Pós-graduação: Psicodrama, 1990.
Doutorado/ano: 2008.
Experiência em psicodrama (anos): 21 anos Onde dá aula? Principalmente na Associação Brasiliense de Psicodrama e na UnB.
Outro tipo de trabalho em Psicodrama: (comunidade, clínica): Clínica, órgãos públicos, escolas e empresas.


P9
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Resposta por escrito

1. Como foi seu primeiro contato com o Psicodrama Sócio-Educacional? Como você começou a dar aula de Psicodrama? (principais motivações, razões, crenças etc.).
O primeiro contato foi há mais de 15 anos, com uma psicóloga trabalhando comigo numa escola. Fiquei impressionada com a facilidade de se trabalhar com o papel profissional, no grupo, sem exposição das pessoas, e com os resultados da intervenção.
Comecei a dar aula, primeiro pelo prazer de estar nos grupos e ter instrumentos que facilitavam cada vez mais, o trabalho com os grupos. Trabalhar com o Psicodrama me faz sentir coerente com o que acredito na Educação, pois envolve, além do conhecimento acadêmico, a emoção e sensibilidade para viver e experimentar a troca de papéis. Didaticamente veio ao encontro do que acredito.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de educador de psicodrama sócio-educacional e psicodramatista.
Numa reunião com pais e mães de uma instituição comunitária em São Sebastião, na qual a proposta foi trabalhar o papel de mãe ou de pai. Durante o aquecimento, uma mãe se deu conta da sua violência na relação com seu filho se 3 anos e começou a chorar. Depois de acolhida, ela passou a ser a representante daquelas mulheres e daqueles homens que não tinham outra referência na relação com seus filhos.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Psicodrama?
Considero que o protagonista precisa realmente fazer parte daquele grupo e representar o que emerge dele (grupo), ou no caso de trabalho teórico, durante as aulas, é importante que haja identificação com o conteúdo a ser trabalhado. Sua principal função é ser o que tem disponibilidade emocional para se oferecer à ação em prol do grupo, naquele momento específico.

4. Ao realizar uma vivência psicodramática, como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Considero a disponibilidade emocional, se mais aquecido para o papel, ou se escolhido pelo grupo, a partir da importância da situação apresentada por ele próprio ou pelo sub-grupo ao qual pertence.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
É aquele que representa o sentimento dos membros do grupo. Se for num sociodrama, o protagonista é o grupo a serviço dele mesmo, a partir de temas propostos.

Identificação
Nome artístico, apelido ou como queira ser identificado Rosa – P9.
Formação Acadêmica(graduação/ano) 1985.
Experiência em psicodrama (anos): 18 anos (aproximadamente) Onde dá aula? CePB – Centro de Estudos Psicodramáticos de Brasília.
Outro tipo de trabalho em Psicodrama: (comunidade, clínica): Comunidade – Brinquedoteca Comunitária de São Sebastião, com os brinquedistas e com as famílias das crianças atendidas pela instituição.


P10
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA
EDUCADORES DE PSICODRAMA SÓCIO-EDUCACIONAL

Entrevista gravada

J – P10, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama. Um pouco isso...
P10 – Tem certeza, que precisa gravar? (+++ e risos). Bem. (+) Eu vim para Brasília no meu último ano de formação de graduação e comecei sentir uma necessidade muito grande(+) de um recurso que pudesse me garantir alguma forma de atendimento. Eu trabalhava na época com os adolescentes em situação de internação e eles eram, naquela época, chamávamos de menores e hoje é diferente. (+++).
E eu tinha então que atendê-los, fazer relatórios, dar laudos. E eu achava que só conversando era muito pouco. Garantia-me pouco para fazer tudo isso. (+) Então comecei buscar uma forma de me preparar melhor e tinha uma amiga que fazia Psicodrama e eu conheci essa escola que hoje é o centro Psicodrama de Brasília. E eu fui da primeira turma de formação. (+++). E desde então eu comecei a interessar-me pelo grupo, não só o grupo de adolescentes que eu atendia, mas o próprio grupo de estudantes de psicodrama; que era meu grupo de formação. Passei a ser representante de alunos e entrei na instituição já fazendo, tendo funções que me levaram até hoje a função interinstitucionais e políticas. Hoje sou pela segunda vez a presidente da FEBRAP - Federação Brasileira de Psicodrama.
E aí então, foi fazendo psicodrama, grávida em diversos momentos, atendendo a grupos, tendo meus filhos. Tratando os menores e começando a fazer já desde aquele momento uma distinção do que eu podia fazer na clínica e o que podia fora dela. Porque lá era uma instituição de menores, de profissionalização de adolescentes e eu não podia fazer naquele contexto o que eu fazia na clínica. E eu era naquele momento, coordenadora nesta instituição de um grupo de 10 psicólogas, cada uma de formação diferente. (+++) Tínhamos psico-analítica, gestaltistas, pessoas da comportamental e eu tinha que coordenar aquilo tudo e fazer funcionar, (+++) então a medida que eu fui entendendo que o psicodrama não era uma metodologia que só podia ser feita na clínica foi muito importante. E eu fui avançando na formação. Fui para SP. As minhas mestras que foram Eri Aldi, Ivete Datnner, Seli Vagner, elas foram muito importantes que elas vinham dar curso para a gente aqui e eu fui fazer a supervisão diversas vezes. Naquela época em que o psicodrama era recém aceito na FEBRAP como uma forma de formação. Houve um tempo que os próprios psicodramatistas não aceitavam aqueles que trabalhavam num contexto sócio-educacional como sendo psicodramatistas. Então o psicodrama tinha sido recém aceito. E eu tive como minha primeira terapeuta e mestra a Eveline Cascardo Ramos e também que sempre trabalhou num contexto comunitário (+++) e a dissertação de mestrado dela tinha sido como adolescentes em situação de internação e então tudo isso foi se somando e foi para SP e fiz diversos atendimentos e supervisões. (+).
E fui introduzindo em minha instituição, que já tinha terminado a formação, minha monografia para titulação de psicodramatistas exatamente a distinção entre o psicodrama terapêutico e psicodrama que na época chamava aplicado e agora é sócio-educacional. A minha monografia já teve este título. (+++).
Outra coisa que me encaminhou para o psicodrama é que sou educadora. E tem uma dessa experiência quando tinha 17 anos, em sala de aula. Era uma jovem, sem a menor experiência e fui convidada para dar aula no noturno, com homens e mulheres adultos e eu me via em uma situação que eu não dava conta de sair daquilo.
Essa sensação eu tive diversas vezes, já como psicodramatista, quando eu tinha que dramatizar, fazer o grupo sair daquele marasmo e dramatizar coisas e me reportava sempre a essa experiência. (+).
Outra experiência muito importante, mais ou menos por essa época eu trabalhei em uma cooperativa rural. Eu alfabetizava os adultos dessa cooperativa. (+++). Nós trabalhávamos em unidade funcional, nós duas, e era muito interessante, pois ela era muito engraçada e juntava a “macaquice” dela com minha seriedade e construíamos coisas belíssimas. A gente os colocava, esses adultos, fazer coisas que eles nunca tinham feito na vida deles.
E eles eram tão agradecidos por dar aquelas risadas, trazer humor para a vida, que a cada aula, uma vez por semana, levavam frango, ovos. (+++). Ah! Bons tempos (+).
Eu cantava muito, na alfabetização.
Dava aula em dois colégios. Pela manhã na periferia em Uberaba MG e a tarde outro muito rico, com filhos de médicos, advogados. Colégio Marista da cidade.
Essas experiências foram muito importantes. (+).
Sempre trabalhei com minorias. (+++).
Primeiro: Aqui em Brasília trabalhei com motoristas da VIPLAN, nas garagens. Sentava em círculo. Depois: com os adolescentes. (+++).
Faltava recurso, pois eu já não podia ficar cantando e dançando como com as crianças. Eu já era psicóloga, casada.

J – Que legal. Que história bonita. Já te falei um pouquinho que meu tema é protagonista, procurando entender um pouquinho esse conceito para esses educadores. Como esse conceito pode ajudar, contribuir com protagonismo social. Nas comunidades.
Relata para mim, como é esse conceito, como é a emergência do protagonista para o psicodrama, o que esse conceito tem de importante para o psicodrama.
P10 – Hum-hum. Esse é um dos conceitos mais importantes que Moreno traz para gente. Na verdade toda a teoria e a metodologia de Moreno, foi construída e constituída para que a gente pudesse ter esse protagonista em condição de fazer algo por ele mesmo.
Então todos os conceitos importantes como criatividade, espontaneidade, tele e principalmente papel, que é na verdade, o que dá um conceito e um construto que dá para gente uma noção mais concreta de todos esses conceitos. Porque todos são de alguma forma, muito abstratos.
O conceito de papel traz maior concretude, e só entendemos conceito quando juntamos ao de protagonista.
Protagonista é aquele que de alguma forma pode vivenciar o seu papel, seja qual papel for, independente do contexto que esteja. E ele tem a coragem de vivenciar o papel naquele contexto.
Então o protagonista é aquele que pode, aquele que tem condições de exercer o papel que naquele momento o contexto possibilita.
Protagonista é aquele que ao sentir o desejo ou a emergência de algo que possa ser atualizado ele posa fazer aquilo e sair dali com uma solução e uma modificação que venha para ele, para aqueles que estão próximos deles, para o grupo.
E na verdade quando trabalhamos com psicodrama o protagonista é um elemento importante do nosso trabalho. Ele tem nuances diferentes quando estamos no contexto terapêutico ou no sócio-educacional.
No contexto terapêutico, quando estamos no grupo, acho importante o aquecimento, tanto inespecífico, quanto específico para que a gente possa ir conhecendo aquele que e fato vai se anunciar como protagonista. E nem sempre aquele que se coloca como protagonista é de fato o protagonista do grupo.
O grupo às vezes vai tendo vivências ou boicota, ou ele não tem coragem de se colocar como protagonista. E eu acho que o terapeuta tem que ajudar o grupo a eleger. Entender na verdade qual é o tema emergente naquele momento. (+).
Já no trabalho sócio-educacional eu entendo que o protagonista é o grupo, não tem como entendê-lo um protagonista, é sempre o grupo.(+++).
Na verdade o grupo se protagonisa por três momentos:

1. A relação que ele faz com o tema que está posto para ser trabalhado. O tema que o grupo vai construído.
2. A relação que esse grupo faz entre as pessoas do grupo. É elemento importante que vai denunciar o protagonista.
3. E a relação com o próprio coordenador – diretor do grupo.

Esses três elementos possibilitam que o grupo encontre o foco principal daquilo que é mais importante para ele naquela hora. Então não é uma pessoa, é o grupo naquilo que é o mais emergente para ele a partir desses três momentos. (+++).

J – Que bom! Então na sua prática de diretora, de educadora, que critérios que você estabeleceu para você saber que esse é protagonista, é o grupo, mesmo. O que você elegeu para dizer esse é o caminho?
P10 – Bom (+). Eu penso que uma das coisas para mim que é muito importante para mim é eu estar bem com o grupo. Estar sintonizada com aquilo que eu estou fazendo. Estar inteira com aquele grupo. Ter a clareza de que eu quero estar ali com aquele grupo.
Ai as coisas vão acontecendo, com a experiência.
Uma das coisas mais importantes para focalizar o protagonista é a minha inteira disponibilidade para o grupo. Tendo isso, disponibilidade para aquele grupo, para aquelas pessoas. Se tenho empatia, tele com aquele grupo, acho que identificamos o melhor protagonista. (+++). Enquanto função, penso que são funções do protagonista no grupo. (+).
A função principal trazer o potencial criativo, revolucionário e espontâneo do grupo, poder ser atualizado. Esse potencial que existe quer seja nele, que o protagonista individual, ou no grupo enquanto protagonista é fazer com que esse potencial seja atualizado naquele momento. E que eles possam encontrar a partir dessa atualização, encontrar a resolução para aquele momento. (+++)
Penso que todo contato que tivermos com o grupo seja ele que modalidade for, a gente tem que junto com o grupo, fazer com que aquele grupo saia dali com algum tipo de resolução. Não podemos deixar aquele grupo sem encontrar algo que ele dê o passo adiante.
Tem passo adiante e é claro que tem muitos passos adiante. E gente pode não alcançar lá a meta, mas pelo menos que ele veja um passo adiante para ver outros, ver o próximo, para ver a transformação. Que de repente será em outro momento, em outro lugar, outro contexto.

J – Esse conceito poderá contribuir com protagonismo social. Almejado nas comunidades Protagonismo juvenil, das mulheres etc.?
P10 – Eu penso que a gente vive todo o tempo a utopia que Moreno falou, à medida que você está ali inteira com o grupo. O grupo pode identificar qual é seu momento e qual é de fato a sua principal necessidade e você então potencializa cada vez, atualizando aquilo que é emergente do grupo, você está fazendo uma pequena revolução. Com certeza aquele grupo não será mais o mesmo quando sair dali.
Tudo bem que você possa não atingir todas as pessoas daquele grupo, mas se você atinge um núcleo que sai dali, com outra visão, fortalecido, com certa autonomia a respeito daquele tema, com certeza você terá já avançado na sua meta, de fazer com aquele grupo tenham outras possibilidades, tenham avanços em outras áreas, em outros trabalhos.
Então essa utopia de Moreno está presente sempre. Olha, (+) eu não sou especialista nisso, mas a gente sabe que as neurociências tem isso claro e comprovado, que a medida que a pessoa possa dramatizar ou montar imagens que faça com ela entenda ou faça novas sinapses a respeito daquele mesmo tema, com certeza modificou dentro dela alguma coisa, que não retorna mais. Vai avançar sempre mais. Mudança neuronal.

J – Muito Obrigada! Valeu demais.

Identificação: P10
Formação: Sou psicóloga. Especialização para trabalhar com surdos no CEAL. Primeiro trabalho com grupos de surdos. Era o caos total.
Terapia de casal e família.
Mestrado que trabalhei com os Conselheiros Tutelares.
E também na clínica.
Sempre trabalhei com essas duas realidades na clínica e na periferia.
Da aula de psicodrama desde 1983. Iniciou como monitora de expressão corporal com uma das minhas professoras.
Hoje trabalho com duas disciplinas que é Sociometria e Psicodrama Sócio-Educacional.


P11
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Entrevista gravada

J – P11, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Psicodrama. Se quiser pode falar em forma de narrativa e se precisar, faço a intervenção.
P11 – Boa tarde Jussara. Uma das questões principais, é que tenho uma origem das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Vitória – ES em Colatina, na Paróquia São José Operário. Onde me forjei o meu protagonismo e minha liderança também. Lá uma origem de colonização italiana e alemã principalmente, onde a cultura de fazer as coisas coletivamente, eu aprendi desde muito cedo. (+++).
Desde criança, umas 15 crianças aprendemos andar de bicicleta em uma única bicicleta. Com 4 anos de idade já estava no meio dos jovens e adolescentes. (+) Primos, amigos, irmãos. Lutávamos para conquistar nossa rede vôlei, a bola. Capinávamos a áreas, trilhas para bicicleta. De forma muito participativa, coletiva e ao mesmo tempo com nossos próprios recursos. Um vetor origem é essa. De também sempre não ficar esperando pelos outros. Buscar o que queríamos, resolver e atender aquilo que era uma necessidade que a gente percebia. (+++)
Nesse caminho fui me desenvolvendo como liderança nesta perspectiva de igreja e ai trabalhando em diversas organizações sindicais, pastorais. E fui priorizando o trabalho com a própria pastoral da juventude.
E o desafio era esse, encontrar uma metodologia que fosse eficaz para educação informal com a juventude nos ambientais sociais, populares e eclesiais. Na época tive oportunidade de conhecer metodologias participativas como o próprio desenvolvendo no método de trabalho de base, com base em Paulo Freire, a partir da palavra geradora, e lendo muito de psicologia, como autodidata. Mas procurando dinâmicas que pudesse fazer com as pessoas rompessem com a cultura do silencio, eu pudesse fazer efetivamente com que as pessoas participassem, se colocassem. Uma coisa que vi nessas perspectivas um pouco mais construtivistas era a ausência de lidar com a emoção. (+++) A emoção quase que era mal vista. Sendo como fator desorganizador, desarticulador. E na minha compreensão a emoção era algo que justamente motivava para que as pessoas tivessem compromisso com aquilo que elas estavam desejando. A ordem do desejo tem elementos da racionalidade, mas tem elementos, no meu entendimento com as questões dos valores, e do nível de satisfação que aquilo traz para as pessoas que estão envolvidas naquele fazer concreto.
Então dentro disso tudo que foi acontecendo na minha vida, minhas atuações pastorais e militância política eu decidi a deixar o meu trabalho na época no banco do Brasil, minha família e vim assumir um serviço em nível nacional na Pastoral da Juventude do Brasil. (+++)
Fui o primeiro secretário nacional leigo da Pastoral da juventude do Brasil. Um exercício tremendo de protagonismo social, porque fui o primeiro jovem para falar em nome da organização de juventude da igreja do Brasil neste período de articulação da pastoral de juventude. (=/=). Dentro de uma construção e organização feita pelos próprios jovens. Nesta perspectiva foi como se fosse um presente de Deus em minha vida, ter conhecido o psicodrama, foi por meio de uma religiosa. Uma irmã dominicana que me conheceu e já atuava comigo na assessoria que me falou do psicodrama. (+++).
Outra raiz foi que no meu tempo de juventude tínhamos um grupo de teatro popular, de teatro de rua, onde nós já conhecíamos a questão do sociodrama, mas por meio do Teatro do Oprimido. Mas psicodrama em si eu nunca tinha ouvido falar. Tinha conhecimento da visão mais hegemônica mais psicanalítica, da psicologia, porque eu estudava. Mas tinha a visão de teatro, da utilização dói teatro de rua, que terminava em aberto, que se aproxima muito de algumas técnicas do psicodrama. E que na época tivemos aprendizagens com diretores do Teatro do Oprimido em São Mateus no norte do ES. E atuamos uns 5 anos com teatro no grupo de base na comunidade.
E isso já me fez conhecer o poder que tem o teatro.
E aqui em 1990 em Brasília, me efetivei no DF iniciei a formação a nível de especialização no Centro de Psicodrama de Brasília, eu então encontrei a metodologia que eu tanto procurava. Fruto de todos esses anos. A mais de 10 anos de buscas de metodologias eficazes. Eu sempre tinha o desejo que a gente tinha que trabalhar na formação, mas que estudar e aprender coisas novas. Tinham que ser coisas novas, prazerosas e não sacrifício.
Então tinha que ser feito algo com alegria, dinamismo, de forma que as pessoas pudessem ficar ligadas naquela temática e terem também todo o desejo de reproduzir a boa experiência de aprendizagem que tivessem vivido.
E isso distancia bastante da educação formal, da educação bancária, que a gente sempre acesso. Onde o professor sabe tudo e agente nada. Então a gente precisava ter esse caráter de procurar formas, modos novos, surpreendentes que encantassem as pessoas ao estudar. Por que isso criaria uma condição que a pessoa sempre está querendo aprender mais, sempre cultivando o hábito e a disposição para o aprendizado.
E ai no psicodrama foi quando com a formação, cheguei com muitas perguntas e dúvidas e pude articular a formação com um trabalho na União de Moradores da quadra 10 Ceilândia Norte, onde desenvolvi todo um processo de formação durante um ano inteiro, encontrando uma vez por mês, para fazer sociodramas temáticos. E a partir daí foi consolidando a minha formação. E eu dediquei-me ao estudo. Porque para mim era uma teoria nova; Vim da formação da contabilidade, da busca da formação informal, como fazer análise de conjuntura, muita coisa de história, muita coisa de auto-leitura de psicologia, mas nunca tive a oportunidade de fazer um estudo mais sistemático de uma metodologia como foi a minha formação em psicodrama.
Estudei, comprei todos os livros que pude. Justamente para fazer uma formação conciliando com esta questão da minha atuação prática, porque eu passava um final de semana fora de Brasília e na América Latina necessitando de ferramentas para fazer o trabalho de formação.
Para mim era uma necessidade permanente. E eu fui encontrando e me encontrando também, já que fazia terapia dentro da própria formação em psicodrama. E isso contribui bastante para meu desempenho profissional para compreensão enquanto pessoal, ser humano, ser do gênero masculino. (=/=).

J – Legal. Que bonito isso. Você se emocionou ao lembrar essas coisas. Né? E pensando no conceito. Qual é a importância do protagonista. Como você colocaria o conceito, funções?
P11 – Hum-hum. Eu vim atrás do psicodrama justamente pelo conceito de protagonista.
Esse conceito do psicodrama é fundamental para mim. Porque desenvolver o protagonismo das pessoas, que as pessoas dêem conta que elas são capazes de serem protagonistas em distintos papéis em distintos contextos, era tudo e é tudo que eu busco até hoje.
Ou seja, a perspectiva de desenvolver a capacidade de autonomia das pessoas. Que cada pessoa saiba fazer uma leitura do contexto que está inserido e descobrir neste contexto qual é a principal ação, ou qual é a ação estratégica a ser desenvolvida, de forma que ela possa sentir-se compreendida e ao mesmo tempo manifestar a compreensão. E partir deste contexto e das questões colocadas neste contexto, você ter a possibilidade de uma ação.
Acho muito importante no processo de formação que incorpore a ação como elemento. E para que tenhamos uma ação e que ela seja significativa é preciso que ela seja desenvolvida pelo protagonista.
Para mim o conceito de protagonista e dentro do psicodrama é muito importante, porque supera duas perspectivas que são da psicologia e da pedagogia também.
A primeira vou chamar de individualista ou psicanalítica, ou seja, aquela perspectiva que você está preocupado com o indivíduo e com o intra-psíquico ou do caminho individual que aquela pessoa vai fazendo.
A outra seria de origem mais de esquerda do próprio marxismo, de uma perspectiva mais coletivista, aonde tivermos os problemas coletivos vamos ter as pessoas resolvidas.
Nem tanto uma coisa e nem tanto outra.
É justamente essa síntese que o conceito de protagonista consegue fazer. Ou seja, quando um indivíduo emerge como protagonista, ele emerge como protagonista de um grupo. Então nele se realiza a síntese entre o individual e o coletivo.
Então para mim essa é a grande chave do conceito do protagonista, ou seja, quando ele atua, ele atua em seu próprio nome e a partir de uma legitimidade e de uma escolha, nem sempre deliberada, mas que emerge a partir do aquecimento que se faz, daquele grupo onde está atuando.
Isso para mim é o que tem de mais revolucionário no conceito de protagonista. (+++)
E por isso o que o protagonista faz tem uma capacidade de mobilização do restante do grupo incrível. Pois ele não está fazendo em nome de si mesmo. Ele está vivenciando aquilo que é do grupo. E que naquele momento, ele é a pessoa que melhor pode representar trazer valores, sentimentos, possibilidades de atuação de todo um grupo.
É o conceito central do psicodrama.
E trabalhamos o tempo inteiro para que as pessoas sejam capazes de assumir o seu protagonismo quando esse protagonismo, quando eles forem escolhidos ou emergirem neste papel dentro de um grupo.
Então eu vinculo o conceito de protagonismo ao conceito de espontaneidade e criatividade, porque apenas num grupo aonde foi aquecido, foi mobilizado a emoção necessária é que emerge o protagonista.
Eu posso usar o conceito de protagonista para outros significados, por exemplo, dentro da própria ciência política:
Aqueles atores principais, que assumem o principal papel em processos de mudanças e de resistência ao poder opressor.
Mas no psicodrama o protagonista é uma representação coletiva, permeada da história e dos traços da pessoa que está na atitude protagônica.
O protagonista explicita aqueles sentimentos que são do grupo e que são dele também.
O protagonista é aquele que desenvolve uma ação que constitui na melhor síntese daquele momento do grupo e que vai ajudar o grupo depois a superar no seu cotidiano tantos outros desafios quando situações semelhantes ou parecidas tiverem sido colocadas.
Ou seja, o aprendizado que se realiza no grupo quando ele está acompanhando o desenvolvimento do protagonista é incrível.
Não é preciso que todos façam ou entrem em cena. Se um entra em cena como verdadeiro protagonista, o que ele vivencia se constitui na vivência e na experiência de todo um grupo, seja um grupo de 5 pessoas, de 3, de 50, de 300 ou de mil.
Claro que as abordagens de aquecimento para grupos tão diferentes, são distintas e eu não estou entrando neste médio no momento.
O que estou dizendo é que o que o protagonista vivencia ele remete a esse universo, a esse co-consciente coletivo de toda essa comunidade e grupo de pessoas que se identificam ou identificam nele esse papel, essa pessoa.
Outra forma de abordar o protagonista, dentro mais do sociodrama, seria na escolha de temas protagônicos. Ao invés de você ter um indivíduo que emerge você tem um tema que emerge.
Na minha experiência de trabalho o tema protagônico ele tem a mesma função do protagonista, ou seja, ele consegue ser a síntese para aquele momento do grupo, daquela comunidade, de forma que aquelas pessoas sintam-se contempladas e mais que isso, completamente interessadas em como lidar com aquela temática no seu cotidiano. Porque foi um tema que realmente foi o mais mobilizador dos interesses daquele grupo e das emoções daquele grupo. (+).
E por isso o nível de atenção que as pessoas emprestam a esta temática e a esse desenvolvimento é muito importante. E tudo que se faz nestes momentos, com tal nível de atenção que a percepção chega a níveis elevadíssimos.
E como se trata de uma linguagem visual, o registro e a capacidade de aprendizagem são muito grandes.
O que demoraria em outras metodologias, dias e meses, podem ocorrer em algumas horas, ou em alguns minutos, quando se trabalha numa abordagem do sociodrama. (+++).
Aqui gosto de usar o conceito da química, ela tem o efeito catalisador, ela consegue ter um arranjo complexo de aprendizagens tão importantes, que faz com que as pessoas assimilem aquela aprendizagem e mais que assimilar tenham a capacidade de utilização, porque compreenderam a utilização daquele conceito, ou daquela teoria no ambiente vivencial.
Isso se aproxima muito da necessidade da aplicação prática daquele conceito. Então trazer de novo, para a prática, passado um ano, dois, em outros momentos da vida daquela pessoa, daquela comunidade, é muito fácil, pois o registro se deu de uma forma muito intensa.
Por isso é facilmente mobilizável. Ou seja, a pessoa acessa esse conhecimento tão logo ele seja demandando, tão logo ele perceba um contexto semelhante aquele aonde aquele conhecimento, aquele tema protagônico emergiu. (+++).
Comparo muito a escolha dos temas protagônicos a uma técnica do psicodrama “Axiodramas”, quando você está mobilizado para trabalha aqueles valores principais nos grupos. Tenho uma tendência a perceber que quando trabalho com escolha de temas protagônicos, acaba trabalhando numa abordagem axiodramática. Ou seja, trabalhando aquilo que são os eixos, os princípios os valores fundamentais dos grupos envolvidos neste contexto sócio-educacional. Para mim, então o conceito:
Aquele que sente a principal dor, aquele que é o ator principal. É aquele que emerge do grupo, capaz de manter um nível de atenção e envolvimento do grupo, psíquico, racional, emocional, intenso, de forma a produzir um conhecimento novo, uma aprendizagem nova.

Primeiro só tem sentido falar de protagonista ou protagonismo quando me refiro a um grupo.
Segundo elemento importante é preciso que a emoção ou essa temática tenha um valor quase que de sobrevivência para o grupo. Seja naquele momento o tema mais importante do grupo. O tema mais mobilizador dos interesses desse grupo.
Protagonista é aquela que conseguiu mobilizar o maior número de pessoas daquele grupo, naquele momento ou aquele tema naquele grupo.
Terceiro é a respeito do desenvolvimento da ação dramática. Quando estou com protagonista verdadeiro, as pessoas têm uma intensidade de interação que a qualquer momento que eu faça uma intervenção numa dramatização, congelando a cena, pedindo a inversão de papéis, as pessoas estão suficientemente aquecidas para já assumirem o papel ou o contra papel ou o público assumir a continuidade do desenvolvimento do drama ou da trama que estiver colocado. (+).
Com isso sei se estou atuando com protagonista verdadeiro. Quando a pessoa assume o papel de protagonista, essa possibilidade vai se repetir no seu contexto social, familiar. No contexto e nos seus diversos papéis.
São esses elementos que são meus meios e modos de atuação para que eu possa sempre com participação do grupo, identificar quem é o protagonista ou o tema protagônico. Pois eu sei que nesta escolha eu tenho o melhor do grupo sendo mobilizado.
A partir daí então isso me dá uma capacidade impar de fazer com que o grupo aprenda e compreenda e saiba encarar e resolver esses temas ou esses desafios colocados à ação humana, a existência humana. Por isso que como todo conhecimento é registrado com emoção, quando eu mobilizo determinados níveis de emoção, para que emerja, para que eu lide com a espontaneidade do grupo, eu tenha possibilidade de respostas criativas.
Eu amarro ao conceito de protagonista, concluindo, à possibilidade de ter como fruto do protagonismo, ações criativas, ações, respostas novas à novas situações ou a situações antigas, para as quais aquelas pessoas ou grupos mão tinham respostas até aquele momento em que foi possibilitando a vivência do sociodrama.

J – Foi muito produtivo. Muito Obrigada!

Identificação: P11
Funcionário Público. Graduação em Ciências Contábeis. Filosofia, Psicodrama. Mestre em Ciência Política pela UnB.
Atua com psicodrama desde 1982. Mais de 16 anos.


ENTREVISTAS – T1 A T7

T1
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista gravada

J – T1, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Teatro. Diga um pouco dessa vida que escolheu com o Teatro.
T1 – (+ risos) Na verdade o meu primeiro contato, com teatro ainda foi na praticamente na minha infância em minha cidade natal no Ceará. E (+++) me encantei com essa possibilidade de fazer teatro, resolvi que queria fazer e ai corri atrás. Era um teatro muito amador, não tinha nem (+++) nem pessoal da cidade que já fazia um tempo maior também era nessa linha bem amadora. E a referência sempre foi, assim (+). Para se dirigir uma cena, para se montar uma cena(+) ainda foi muito a própria novela. A imagem da televisão. Que pautava nossa prática teatral. E ai quando eu vim aqui para Brasília, eu procurei cursos. Procurei esses cursos gratuitos. Que o governo oferece, por exemplo (+++). E depois eu consegui ingressar na UnB. Entrei na UnB para ser Bacharel. E pra tentar(+) além de tudo mais a linha de ator mesmo. E ai dentro eu comecei a conhecer essas estruturas de bacharelado, licenciatura, de XXX um campo, um mercado desse de ensino de arte, que não tive contato com ele lá no Ceará. Que ainda não era nossa(+++) Acredito que hoje não haja profissionais de arte em todo país, em todas as escolas. Então eu vim conhecer essa realidade aqui no DF. E eu entrei na questão da educação (+++) teatro-educação muito mais por conta do MERCADO, do que exatamente pela paixão pelo teatro, em primeiro momento. Mais pela oportunidade de ter uma renda. (+).

J – De atuar profissionalmente?
T1 – é. Mas não só isso. É seguinte. (+++). O mercado enquanto ter possibilidade de ter uma estabilidade financeira e essa estabilidade financeira me permitir fazer teatro fora do ambiente do escolar. (+). Então fui percebendo a medida que comecei a atuar como professor que era possível criar um link ai. Entre dar aula de teatro e fazer o teatro. Eu percebi que poderia ter uma ponte ai dentro das duas coisas. Aliás isso é muito importante. Porque ser um profissional do ensino da arte, a arte como um todo XXX né??? e que não pratica mais a sua arte de origem, seja artes visuais ou teatro, acho muito complicado essa relação, para estar trabalhando e vez outro deixa de praticar em algum momento. Acho que haja interessante que essa integração.

J – Essa interação, prática?
T1 – sim. (+). Até porque quando a gente começa a dar aula os alunos vão dando esse retorno para gente (+++) você começa a ter uma serie de percepções a partir da interferência do aluno, mesmo que os alunos não dêem conta dessas coisas que você está pretendendo naquele momento, que demanda o trabalho tanto da pessoa, quanto do artista (+++).
Eu acho que esse um grande ponto da sala de aula, além da estabilidade financeira, esse é outro ponto. Do enriquecimento mesmo da prática. (+).

J – Você sabe que meu tema é protagonismo. Você tem como relatar uma experiência neste ponto seu de trabalho ou sendo educador de teatro na educação ou na sua prática de teatro em si, algum exemplo que você poderia me dar.
T1 – Hum-hum. Acho que o exemplo está ligado ao conceito necessariamente somente do protagonismo. Acho que as pessoas ligam a idéia de protagonismo, a questão de liderança. Ou porque as pessoas estão em destaque, geralmente elas estão em destaque por sua liderança ou por sua capacidade de motivar os demais. Então assim, pegando assim, a idéia não só de liderança, mas essa idéia de alguém que motiva a realizar, você encontra nos alunos que te inspiram, que te motiva a ir com mais gás na aula a levar um projeto a diante. Você tem colegas também que tem essa força, né? (+) de chegar e conseguir realizar, motivar os outros. Não só motivar, mas conseguir que eles se envolvam dentro de um projeto e tornar aquele projeto realizável. Então acho que as experiências que poderiam ser mais forte são neste sentido. Não tanto na questão dramatúrgica. De XXX personagem protagonista (+)

J – Hum-hum.
G – Acho que você está falando muito mais do XXX não do personagem fictícios, dos personagens do dia-a-dia. (+++)

J – Você está trazendo o protagonismo mais social, você quer dizer, seu dia a dia.
T1 – Acredito que seja o protagonismo social que eu acredito que você esteja me abordando no momento e não do protagonismo do personagem em uma determinada peça ou outra.

J – Ok. E também em sua prática também. Você atua também com teatro na linha de bonecos. Tem nisso uma prática uma possibilidade de relatar esse surgimento ou é algo já trabalhado. Quer dizer cd personagem recebe seu papel, cd ator recebe seu papel e ali vai desempenha esse papel de protagonista. Ou existe algum momento das cenas que também surgem protagonistas diferenciados, a depender do trabalho realizado?
T1 – (+++) é bem complicado. Mesmo que a gente pegue teatro feito com bonecos, ou seja, você vai ver aquele que vai ter mais habilidade, por exemplo, com a questão da animação, outro que vai ter mais habilidade com a questão da XXX Aí você vai vendo frentes diferentes de protagonismo. Então acho que neste sentido é possível ter mais de um protagonismo. E ai a grande questão talvez seja XXX como integrar esse XXX não somente já que o teatro é uma arte social, arte coletiva. É complicado integrar os diversos níveis ou papéis de protagonismo. (+++).

J – Hum-hum. Já que você tocou neste assunto de papéis e trouxe essa idéia de protagonismo social, em sua opinião quais as principais funções desse protagonista no teatro em si? Função ou função do protagonista no teatro.
T1 – digo que talvez seja a questão de foco. Né? De você ter um foco. Um tipo de clareza mesmo. Se você pega uma peça, ela tem que ocorrer em determinado ponto, ela tem geralmente contar uma determinada história e o protagonista esse é uma linha condutora. É aquele quem vai amarrar esse texto, vai amarrar o espaço, vai amarrar o conteúdo que está permeando aquilo dali. (+). Neste sentido, mais que uma liderança o protagonista é aquele que vai canalizar essas energias. È aquele que vai condensar, compensar o olhar do espectador. Aquele que vai fazer com que o espectador perceba o que é que está por trás de tudo aquilo. Talvez esse seja o maior papel do protagonista. (+++).

J – Legal. E assim neste sentido, dentro do próprio teatro, no trabalho com teatro e na prática de educador como você da conta de identificar essa emergência do protagonista. Como que você identifica. E você tocou muito no tema, no assunto dos seus estudantes. Que características, o que naquele momento lhe traz a certeza de que aquela pessoa foi protagonista?
T1 – Hum. (+). Acho que a primeira coisa tem haver com as atitudes, o que a gente pode ver é questão de comportamento mesmo. Aquela pessoa que está bem disposta a ouvir e após ouvir a colaborar com aquilo que ela consegue de melhor, seja suas idéias, seja a força mesmo, no sentido de realizar alguma coisa, de construir alguma coisa, então acho que são as atitudes mesmo, qual a atitude dela perante esse grupo. É uma atitude colaborativa, porque não basta dizer que há uma pessoa que vai trazer a idéia e que vai fazer, se ela não estiver disposta a ouvir o grupo, a ceder no que for necessário, para que aquilo aconteça, aconteça com a cara do grupo, a ai acho que vai deixando de ser protagonismo e vai virando outra coisa, que lembra mais ditadura, ou de um narcisismo do que de um protagonismo.

J – Então. E na sua prática. Já que você trouxe na pergunta dois que essa questão depende muito do conceito de protagonismo. E pra você qual é esse conceito. O que protagonista para você na sua prática?
T1 – (+) Mais que queria falar do narcisismo, XXX o protagonismo é isso é quando você consegue se destacar na sua prática por um conjunto de coisas, né? É a questão de sua atitude, mais que atitude, é você realmente ser capaz, de realizar aquilo que você se propõe, né? Independente da forma que você vai escolher para conseguir realizar aquilo que você se propôs. Acho que o protagonismo tá muito relacionado a isso também. (+++). A você ser percebido pelo outro como protagonista. Eu posso ter uma imagem e meu grupo ter outra. Então acho que para você ser reconhecido como protagonista vai depender de você e do outro. (+).

J – Do outro? Esse conceito então seria essa pessoa de destaque no grupo. É o conceito de protagonista para você?
T1 – Destaque? (+++) não sei se é a melhor palavra. Só se for uma vedete ou uma estrela de teatro de revista. É reconhecimento. É ser reconhecido como tal. Ser reconhecido como aquele que colabora, que constrói, aquele com quem você pode contar. Para mim esse é o protagonismo, ou XXX mas isso eu acho numa perspectiva otimista, positivista, pode ser um protagonista ou antagonista. Aquele que a gente diz que é o oposto. Aquele que vai trazer a intriga para dentro do grupo. Aquele que vai emperrar a engrenagem para do grupo. (+++).

J – Legal. Já que você está colocando sobre o grupo. Na opinião para que as pessoas se reúnem em grupo? Por que elas estão em grupo? Esses próprios grupos de estudantes que você está colocando e os grupos também de teatro. Em sua opinião eles se reúnem em grupo para quê?
T1- Eu acho que não existe associação sem que haja assim interesse mútuo. (+). Se eu me associo a você, se a gente constrói uma amizade. Não é de graça. É porque alguma coisa que você traz me beneficia e eu a você. Mesmo que seja essa idéia de amor. Sem a troca a relação não se sustenta. O grupo dá um pouco disso eu procuro o grupo pra tentando suprir necessidades minhas mas que XXX e eu percebo que essas necessidades não são só minhas, são do outro também. E ai a gente trabalha junto, ai há um grupo, há um coletivo que pode estar na multidão e ainda assim sozinho. Então acho necessário que haja (+++) um objetivo comum, necessidade ali comum. Necessidade essa que o grupo esta tentando suprir e com o auxílio do outro. (+).

J – Neste trabalho de bonecos que você seu grupo fazem, é possível identificar esse protagonista por conta do personagem que o boneco atua ou existe protagonismo do ator que está manipulado o boneco.
T1 – (+) Existe. Por exemplo.(+++) A Ofélia que o personagem dessa história, que a boneca de uma senhora, e uma das atrizes que faz a personagem, que manipula essa boneca, que é praticamente a pessoa que dá todas as características que as demais tentam seguir. A voz, a forma de caminhar, então é a partir dessa interpretação que atriz realiza com essa boneca que as outras tentam manter a linha daquela personagem. A gente pode encarar isso como uma forma de protagonismo. (+).

J – Mas um manipulador que não seja. No caso a Ofélia é a protagonista dessa história. Correto?
T1 – Correto. Mas a manipuladora da Ofélia, que anima, que complementa o boneco, que ele sozinho é apenas um objeto, que finaliza esse processo de construção do personagem, que é uma dessas atrizes, eu a vejo como protagonista, neste sentido, que ela dá a cara daquela personagem e as outras acompanham. Mas ali a base, o fundamento daquele personagem é instituído por uma outra atriz.

J – OK.
T1 – Neste sentido era uma protagonista. Não estou nem me referindo a Ofélia dentro da história dela. Enquanto personagem. Espero que tenha contribuído.

J – Muito. Obrigada mesmo.

Identificação: T1
Formação – Educação artística com licenciatura em artes cênicas
Mestrando em Educação
Especialização em arte educação à distância.
Anos experiência em teatro – mais de 10 anos
Outro trabalho no teatro- ator, diretor, figurinista, construção de bonecos.


T2
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista gravada

J – T2, como eu lhe disse eu sou a Jussara, sou estudante da Universidade de Brasília. E estou pesquisando o Conceito de Protagonista. Gostaria de saber quais foram as razões, motivações, trajetórias no caminho do Teatro. Conta um pouco.
T2 – (+++ risos) É antigo, foi na escola mesmo, como todo mundo. Acho. (+). Eu estudava na escolinha de aplicação da USP e ai gente tinha inserção teatral lá. Tinha mesmo. No horário contrário. Tínhamos uma aula grande, cumprida. A gente teve bons professores. Teve o Quim e a Ramide. XXX. Eles davam teatro e artes plásticas.
E eu lembro quando eu era menorzinha a gente tinha nas séries iniciais a gente tinha música. (+++).

J – Ah, que legal. Então era aquela coisa mais formal?
T2 – Era formal, mas era muito afetual. (+++ risos)

J – Era dentro da grade horária, como conteúdo curricular e ai você se apaixonou pelo teatro?
T2 – Isso. (+++)

J – E de lá em diante?
T2 – Aí fui fazer alguns cursos, fiz Macunaíma e tal. (XXX). E comecei a ir ao teatro. Gostava muito de ir ao teatro. (+++).

J – Como espectadora?
T2 – Gostava muito de ir ao teatro. De todo jeito, gostava de teatro. E ai resolvi fazer Artes Cênicas na ECA. 4 anos. Na graduação. (+++).

J – E dentro do tema que estou trabalhando relate alguma experiência com surgimento de protagonista.
T2 – acho que tem alguns momentos diferenciados na idéia do protagonista. Se a gente pega assim o mais tradicional que foi o que fiz. Posso falar como atriz, que fiz atuação na ECA. O protagonista ele vai ser aquele que conduz a trama, ele conduz o conflito dentro da peça. É uma coisa assim clássica.
Se pegarmos Stanislavski ele vai dizer que todos os papéis são importantes. Mesmo aquele que entrou piscou e saiu, é importante para o espetáculo. Ele trabalha com essa idéia de espetáculo. (+).
Então trago essas duas questões essa do protagonista que é o principal e isso é muito importante para as pessoas que fazem teatro que elas que ser as “estrelas”, os “astros”. Então tem essa coisa da primadona. (+++).
E essa outra questão que é a idéia do conjunto do espetáculo ou a questão do grupo. Então todo mundo passa a ser importante dentro do conjunto.
E quando eu passei a lecionar eu descobri outro protagonismo através dos jogos.
Ai não é um protagonismo de quem conduz o conflito, ou a trama. Mas é a questão de todos estarem ali. (+++).
Aquele que participa. Então você não tem um protagonista. Um principal. Ou a questão do antagonista, protagonista. Antagonista para manter a tensão, ver a questão do conflito.
Mas quando vai para a questão do jogo é importante o conjunto de novo. E ai todo mundo age. A questão da contracena o tempo todo. Então o protagonismo passa a ser a temperação essa possibilidade das pessoas se exporem. É XXX. (+++).

J – Protagonismo em momentos diferenciados?
T2 – Exatamente. Então todo mundo pode ser protagonista. Em momento é um, depois é outro. Ação de todo mundo é importante. (+++)

J – Há uma troca.
T2 – Isso. Eu trabalho muito da estrutura da Viola Spolin. Em que você vai trabalhar com um problema. E a partir desses problemas você tem algumas instruções que podem ajudar a resolver esse problema.

J – Tendo enfoques específicos para atuação?
T2 – Isso. Porque ela quer desenvolver algumas habilidades. Aquela idéia do foco. Que é importante. Mas qual é a grande questão. Que ela trabalha a questão do gesto espontâneo. É quando o jogador ele consegue dar uma resposta que é física, intelectual e emocional. Na verdade quem consegue chegar, nisso é o protagonista. E todos podem ser protagonista.

J – Em momentos diferenciados, ? E nessa linha quais seriam esses papéis do protagonista ou funções?
T2 – (+++) olha, quando você vai para um espetáculo formal a idéia do protagonista é aquele que vai conduzir a trama ele vai, apresentar. É como se ele fosse o narrador. Ele narrar uma história para o público. Ele vai dizer através de ações o que está acontecendo.
No jogo tem algo de celebração, de uma festa de uma comunhão. O jogo, tenho experiência, trabalhei em grupo de teatro, na educação básica e na formação de professores e nesses três níveis eu pude perceber que o jogo funciona quando as pessoas se entregam, quando elas conseguem ter um entrosamento, quando elas se despojam de algumas máscaras .

J – E o jogo é impossível não se despojar dessas máscaras?
T2 – Tem uns que jogam menos, outros jogam mais. Em algum momento e com alguma intensidade todos acabam jogando.
Neste tipo de protagonismo é mais amplo, cabe mais gente. (+++) Não só um de cada de vez. Às vezes são 3 ou 4, que estão conduzindo, que estão se expondo, estão jogando eles são os protagonistas daquele momento. (+++).

J – Na experiência de educadora e de direção, como você identifica o surgimento do protagonista. Nesses dois focos que você trouxe. Pra agora esse aquele é o protagonista... agora são esses, é o grupo.
T2 – (+) a primeira coisa que a gente faz é criar um ambiente favorável. É a gente criar esse ambiente que as pessoas se sintam seguras. E para isso usamos algumas técnicas. Uma delas é dar uma canseira nas pessoas. Trabalham a exaustão. Quando elas cansam as defesas abaixam. A partir do momento que as pessoas, se jogam, é uma coisa física mesmo. Elas vêem para ação, você vê as pessoas na ação, as pessoas suando, de repente você vê um gesto, as pessoas se tocam, as pessoas falam coisa que elas não pensaram, foi instantâneo. (+++). Você vê que elas estão ali inteiras, sem defesa, dando respostas imediatas, para aquilo que é proposto para elas. Respostas espontâneas, imediatas. Sim falou respondeu. Ninguém está pensando. Isso são características de protagonistas. (+)

J – Qual é a importância do grupo. Porque as essas pessoas se reúnem em grupo. Por quê as pessoas se escolhem? Ou não se escolhem?
T2 – Olha tive um aluno, um senhor, quando eu estava na USP, trabalhando com funcionários em um projeto, ele falou uma coisa que é maravilhosa (+++ emoção). Porque as pessoas ficam juntas: porque somos mamíferos, nós temos sangue quente e a gente busca aconchego, esse calor. E é isso, a busca desse aconchego, desse calor, dessa segurança. (+++).
Então quando as pessoas vão ao teatro, principalmente na questão do jogo. Elas vão em busca desse acolhimento, dessa possibilidade, de algum momento se despojarem das máscaras, serem autênticas. Momento de autenticidade. (+)

J – Resumindo, o que para você seria então o conceito de protagonismo, protagonista?
T2 – Protagonista é o sujeito que vai e se coloca à disposição da situação que se apresenta. Ele contracena com a vida. Ele se disponibiliza a contracenar com aquilo que vem para ele. É ruim. Ele aprende a lidar com o ruim. É se for bom, ele também aprende a interagir.
Os jogos teatrais contribuem com os jogos da vida. (+++) Tenho um exemplo de um grupo de jovens de periferia, que foram prestar teste no Bradesco e no Itaú e eles passaram em primeiro lugar e tinham trabalhado comigo 3 meses. E eles fizeram todas as dinâmicas propostas. (+++ emoção). Espero ter contribuído com você.

J – Muito Obrigada. Contribuiu muito.

Identificação: T2
Formação – Bacharel em Artes Cênicas pela ECA – USP
Mestre em Literatura pelo Instituto de Letras da UnB
Doutoranda pelo Instituto de Letras da UnB. Trabalha com dramaturgia
Experiência em Teatro – 20 anos
Área de atuação: atriz, intérprete, diretora, contra-regra, dramaturga e formação de professores.


T3
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista escrita

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Minha primeira experiência com teatro foi em 1979 nas aulas de Português na 7ª série, daí em diante não me distanciei do fazer teatral. Em 1984 fui convidado pelo núcleo de suprimento da secretaria de educação para ministrar cursos livres para os alunos da rede educacional na cidade do Gama, onde atuei por dois anos. Quando terminei o segundo grau logo passei em vestibular para Direção teatral e não parei mais de estudar teatro e suas vertentes.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de teatro-educador.
Este fenômeno se deu comigo quando, uma vez formado em Direção teatral, ministrar aulas em curso regular numa escolar particular. Minha perspectiva até então era a do espetáculo e não do aluno, o que foi traumático para ambos os lados, pois o trabalho não rendia. Ao perceber o que estava havendo, sentindo na carne, percebi que estava errado, que a dinâmica tinha que ser voltada para o aluno e ele, na verdade é quem deveria dar o norte dos trabalhos, a partir de suas experiências e potenciais. Eu só seria um mero auxiliar do processo no quesito conceitos e outros suportes do ponto de vista técnico.
Assim, chegamos a um mote comum em todas as turmas de artes, tendo um texto como elemento de partida escolhido ou escrito por eles mesmo.
E então cada turma foi dividida em setores de trabalho, os alunos que tinham mais afinidade com a música se encarregaram da trilha sonora e efeitos sonoros, os mais desinibidos com a interpretação, os que gostavam de desenhar com o projeto de figurino e cenário, um grupo de três alunos para dirigir e assim por diante. Ao final da experiência, conseguimos montar um mini festival de teatro na escola que até hoje rende comentários.
Isto me valeu também quando fui dar aula na UnB e na Dulcina.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Teatro?
Bom, como foi exposto a cima, o protagonista do processo é o aluno, o educador é co-adjuvante e/ou orientador do protagonista. E a nossa função é criar possibilidades para ele se descobrir enquanto condutor de seu próprio processo respeitando etapas dos ciclos de aprendizagem que estão sendo lhe ofertados.

4. Como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Este difere de cada realidade, esta deverá ser identificada (diagnose) pelo educador e em seguida redimensionada ao seu público alvo. Assim como as adequações.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Já contemplado nas questões anteriores.

Identificação: T3
Formação Acadêmica(graduação/ano) Direção Teatral, Interpretação Teatral, Licenciatura em Artes Cênicas, Pós-Graduado em Linguagem Teatral, Pedagogia – Administração Escolar, Pós-Graduado em Planejamento educacional, Pós-Graduado em Direito Penal e Graduando em Direito:
Experiência em teatro (anos): desde 1979 Onde dá aula? Cursos Livres.
Outro tipo de trabalho em teatro: (diretor, ator...) Atuo como Clown ou Palhaço.


T4
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista escrita

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Sinto não poder contribuir muito, mas infelizmente eu não utilizo o termo protagonista, nem penso em termos de protagonismo no teatro. Em relação ao protagonismo na acepção de desempenho do papel principal, nunca estabeleço esse tipo de hierarquia entre os alunos-atores. Trabalho no sentido oposto, valorizando todos os papéis, tanto no espetáculo, como na construção do grupo.
Em relação ao protagonismo de cada um para se desenvolver e conquistar o conhecimento, penso mais em termos de autonomia do que de protagonismo. Talvez por isso, eu tenha tentado, umas três vezes, responder as suas perguntas, mas realmente não tive como fazê-lo, já que não trabalho com essa idéia. Sei que não ajudei muito. Espero que outras pessoas contribuam mais.

Identificação: T4
Mais de 10 anos de Teatro


T5
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista escrita

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Meu primeiro contato com o teatro se deu dentro de grupo jovem da Pastoral da Juventude, para trabalhar com teatro popular especificamente trabalhar direitos sociais e cidadania/espiritualidade.
Logo que fiz as primeiras oficinas, comecei imediatamente dar aulas, pois tínhamos o objetivo de dar formação pra outros grupos jovens, de forma que os grupos se apropriassem destas ferramentas para os trabalhos nas comunidades.
A identificação com teatro foi imediata e aos poucos fui aprendendo um pouco de algumas técnicas. É claro que a vontade e a crença foram importantíssimas nesse processo solitário e comunitário.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de teatro-educador.
Bom quando eu comecei a trabalhar com grupo jovem percebi que gostava e que tinha uma aceitação da forma que eu conduzia as atividade, é claro que isso muito na intuição pois ela sempre me comandou inclusive até hoje acontece muito isso. Então quando tive as primeiras oficinas a surgiu a idéia de repassar as oficinas eu topei e percebi exatamente o gosto por aprender para passar
O processo aprendizagem no meu modo de ver acontece quando se é colocado no objetivo de se aprender para ensinar e com isso você (eu) vou procurar aprender de forma a me preocupar na forma que eu posso repassar esse saber pro próximos aprendizes.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Teatro?
Bom, vou tentar. O protagonista no teatro tem a função de dar norte aos acontecimentos, é o foco sempre. Tem o papel de conduzir o espetáculo. É aquele que o espetáculo gira em torno.

4. Como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Verificando aquele que se coloca à disposição e mobiliza o grupo e o grupo a ele. Aquele que se projeta em uma atividade. Que toma frente e é o primeiro a realizar com competência, espontaneidade e criatividade.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Vou repetir. É aquele que dá norte aos acontecimentos. É aquele que é o foco dos trabalhos e que conduz o espetáculo. É aquele que o espetáculo gira em torno.

Identificação: T5
Experiência em teatro (anos): Mais de 12 anos de prática.
Hoje também dá aulas em projeto sociais e em empresas
Outro tipo de trabalho em teatro: diretor, ator, bonequeiro.


T6
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista escrita

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Desde criança tenho contato com teatro, comecei a fazer na escola por volta dos sete anos e sempre que tive oportunidade de fazer oficinas ou participar de espetáculos, eu fazia. Entrei na UnB, para licenciatura em educação artística, com habilitação em artes cênicas e cursei por dois anos e meio, quando mudei de curso e fui fazer educação física, no qual formei. Apesar do meu estágio em educação física ter sido na área de teatro, nunca fui muito empenhada em dar aula de teatro, pois não me julgava qualificada para tal. Somente em 2005, quando participei de um projeto de arte-terapia com mulheres e depois, que fiz uma oficina para ser multiplicadora do método de Teatro do Oprimido que assumi de vez o papel de “oficineira”.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de teatro-educador.
Quando fiz o curso de multiplicadores de teatro do oprimido e passei a efetivamente dar aulas de teatro, no ano de 2006/2007.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Teatro?
Promover, através dos jogos teatrais e exercícios um cabedal de possibilidades de treinamento físico, auto-conhecimento, auto-domínio e visão crítica estimulando a leitura, pesquisa e atuação daqueles envolvidos no processo de aprendizado.

4. Como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Para mim, o primeiro sinal que faz com que haja esse reconhecimento é perceber o nível de concentração naquilo que é proposto e executado. Quem ouve, realmente ouve o que lhe é dito, executa de maneira formidável o que lhe foi solicitado.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
É aquele que é fundamental na construção da sua própria história. É aquele que a partir de suas ações, atitudes e decisões desenvolverá a história.

Identificação: T6
Formação Acadêmica(graduação/ano): 1995 Pós-graduação: 1997.
Experiência em teatro (anos): 21 anos com intervalos.
Outro tipo de trabalho em teatro: diretora, atriz.


T7
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA TEATRO-EDUCADOR

Entrevista escrita

1. Como foi seu primeiro contato com o teatro? Como você começou a dar aula de Teatro? (principais motivações, razões, crenças etc.).
Um amigo me convidou para assistir uma peça onde ele atuava. A peça era “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade com direção de Hugo Rodas.
Comecei a dar aulas por conta de um convite, na verdade nunca quis dar aulas, mas depois que comecei acabei gostando e colocando esse ofício como foco na minha trajetória profissional.

2. Você pode relatar uma experiência, onde percebeu o surgimento do Protagonista, em sua prática de teatro-educador.
Comecei a perceber a partir da prática docente, tanto em sala de aula quanto em sala de ensaio. Muitos alunos/atores me falaram que as minhas aulas/ensaios estimulavam a autonomia e possibilitava o empoderamento deles, através de um processo que valorizava a criação e a espontaneidade.

3. Em sua opinião, quais as principais funções ou papéis do Protagonista no Teatro?
Na minha opinião a principal função é permitir o reconhecimento do(s) seu(s) caráter(es).

4. Como você identifica a emergência do protagonista? (condições, critérios)
Verificando a capacidade de mobilização da pessoa com o restante do grupo. Vejo aquele que se sobressai nas atividades propostas. Que está entregue e inteiro.

5. Na sua prática qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista é a personagem principal, cuja função permiti o auto-conhecimento do sujeito que está envolvido no processo criativo-teatral, ou seja, vejo todos os envolvidos no processo como protagonista.


Identificação: T7
Formação Acadêmica (graduação/ano) Bacharel Artes Cênicas/1995. Pós-graduação: Mestrado/ano: Mestrando 2008
Experiência em teatro (anos): 20 anos de atuação. Dou aula no Ensino Médio e em empresas e órgãos públicos.
Outro tipo de trabalho em teatro: Sou diretor e ator já tendo desenvolvido vários projetos.ncia neste ponto seu de trabalho, ou sendo educador de teatro na educaçssivel iente do escolar. _______________________________


ENTREVISTAS – J1 A J17

J1
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Gostei muito da forma como foi abordada e trabalhada a dificuldade de uma pessoa. Um exemplo disso foi o que aconteceu com a Aline. Depois do aquecimento, da preparação de forma que a pessoa fique mais espontânea. O diretor trabalhou a dificuldade dela através da cena de uma avaliação para condução de veiculo. E no fim de tudo, a Aline passou o teste de motorista.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
A confiança no grupo e os aquecimentos proporcionaram que eu agisse de forma espontânea. Propiciou certa liberdade para interpretar, entrar no jogo com maior dedicação.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Na ultima aula eu percebi, já que eu tinha lido os textos, tudo que se refere aos jogos dramáticos, desde o aquecimento, dramatização, a participação do diretor foi colocado em prática. O protagonista surgiu após a evidência do tema protagônico. Um dos temas foi a dificuldade em se dá uma aula, ser um bom professor, e nesse caso surgiu o protagonista, o Barros.
O outro tema foi o medo da reprovação, onde o protagonista foi a Aline.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Partindo do conceito que protagonista é aquela pessoa que chama atenção numa cena, na encenação de um assalto, tive um papel de destaque já que encenei uma fuga, isto é, me posicionei de forma a dá essa idéia, nesse caso eu estava correndo.
E outro momento, quando o orientador X conduzia uma cena onde eu participava junto com o Célio. A cena era de dois meninos de rua, sendo um usando droga.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
O protagonista surge após determinar o tema protagônico.

Identificação: J1.
Tem experiência com teatro? Qual? Não.


J2
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
O Sociodrama interferiu diretamente na minha vida. Como a minha dor foi a escolhida pelo grupo pude vivenciá-la de fora tão real que no dia seguinte pude agir sobre ela. A experiência fez com que eu percebesse que não sou só eu que tenho problemas, não é só comigo que as coisas às vezes não dão certo, aprendi a olhar o próximo nos olhos, aprendi a ajudar o próximo através de um abraço, aprendi que o nosso nome é importante para si mesmo e para o próximo.
Hoje eu me sinto uma pessoa diferente. Não vou dizer que todos os meus desafios e problemas foram resolvidos até porque isso é impossível, porém minha mente e meu corpo sentem significativamente o poder da transformação e da mudança. Minha saúde mental ainda está desengonçada, mas durante essas 4 aulas ela abriu caminhos e pensamentos.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Eu senti essa liberdade porque eu me permitir e porque o grupo me acolheu de braços abertos.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
No Sociodrama Eu Aline e o Barros fomos protagonistas em alguns momentos. Nas fotos o que mais me marcou como protagonista foi o Alex na cena do assalto (como pode um homem daquele tamanho fugir dos assaltantes).


4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. No Sociodrama quando a minha dor foi escolhida pelo grupo, quando eu chorei, quando eu pude me expressar.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
O protagonista é aquele integrante que em determinado momento da cena ele é o foco, o centro das atenções, o que exerce a ação.

Identificação: J2
Tem experiência com teatro? Já apresentei peças no Ensino Médio.


J3
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Me senti bastante feliz com as aulas de psicodrama, não conhecia sobre o assunto e foi uma oportunidade muito boa cursar a matéria esse semestre. No início não entendi muito bem os objetivos do psicodrama, depois da leitura dos textos e dos exercícios em sala comecei a observar melhor as pessoas. Percebi o quanto o jogo é importante para a vida, por possibilitar a reflexão das ações.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim. O que proporcionou essa liberdade foi o ambiente de sala de aula, descontraído e bastante dinâmico. Acredito também que os orientadores colaboraram bastante. ;)

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Para mim, todos foram protagonistas de alguma forma. O jogo em que identifiquei vários protagonistas foi o teatro da escola, no qual fiz parte. Naquele momento houve inúmeras trocas de lugares, sendo que todos ficavam por menor tempo que fosse como centro de todas as atenções.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Várias vezes. Um momento determinante para mim foi a retomada da minha infância quando todos começaram a jogar as brincadeiras de crianças. Naquele instante, as lembranças eram minhas e apenas eu tinha vivido aqueles momentos de escola, de brincar com os amigos onde estudava.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
O protagonista é aquele no qual a história gira ao redor de alguma forma, pela ação do mesmo. Às vezes traz consigo um sentimento coletivo. Isso o torna porta-voz do grupo.

Identificação: J3
Tem experiência com teatro? Qual? Sim. Estudei teatro na escola no E. M. e fazia algumas peças teatrais. Adoro ir ao teatro e ver uma peça de comédia!


J4
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
De alguma forma estou resgatando partes de mim que há muito estavam enterradas por tantos problemas e decepções. Toda vez que penso na sexta me sinto animada e sempre saio de lá renovada. Consegui perceber que eu me sobrecarrego e me cobro muito em meus papéis sociais, sempre me exijo muito e às vezes passo isso para as outras pessoas. Também não aprendi a desistir, e há momentos em que isso é preciso. Eu estava somatizando uma porção de problemas no meu trabalho e estou redefinindo meu espaço lá, não me dão autonomia suficiente (nem salário também) para me exigir daquela forma. Estou me sentindo mais à vontade comigo mesma.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Em muito poucas situações eu não me senti livre, às vezes tenho medo de aparecer demais e isto soar mal, mas na maior parte dos jogos sempre me sinto livre e empolgada. Acho que esta liberdade veio com a relação que estabelecemos com todo o grupo, as pessoas me fazem sentir a vontade e não me recriminam. É um momento livre de julgamentos e preconceitos, me sinto parte do grupo e isso me faz sentir liberdade suficiente para expressar ma parte minha que normalmente escondo.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Na aula em que fizemos aquelas fotos, o Alex se sobressaiu por fazer algo que ninguém esperava, ele “fugiu” da cena, o que fez com que a ação dele se destacasse.
Na aula em que trabalhamos a dor em cada papel social o Barros e a Aline se sobressaíram, era a dor deles, mas de alguma forma aquilo tocava em diversas outras pessoas, como eu e a Isadora.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Em diversos momentos me senti protagonista, mas quando o Barros vivenciou a dor dele, me senti protagonista, porque era uma dor muito minha também, tocou fundo em tudo que eu sinto, toda a frustração, raiva, decepção, estresse etc. E é uma dor que ainda passo todos os dias e que estou aprendendo a aliviar agora

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
É aquele que toma a frente e exerce uma ação, aquele de alguma forma se destaca, toma para si algo, seja ele uma pessoa ou um grupo.

Identificação: J4
Tem experiência com teatro? Um pouco. Qual? Fiz curso de teatro há muito tempo atrás.


J5
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Os jogos vivenciados serviram, a meu ver, para, além de integrar melhor a turma, conhecer melhor as técnicas do sociodrama. Senti melhor comigo mesma, mais preparada para aplicar técnicas do sociodrama em meus ambientes educativos, além de estimular a conversa e a imaginação da “troca de papéis” nas horas de dificuldade com as pessoas com as quais convivo.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Inicialmente, senti uma liberdade restrita. Chegar em uma turma com pessoas que não tenho intimidade e ter que utilizá-la (a intimidade) me deixa um pouco contida, mas isso com o tempo foi passando, ao longo das aulas e com o maior contato com os colegas. O que proporcionou minha liberdade para “jogar” foi a abertura dos colegas e a intimidade da relação dos professores conosco.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Em alguns momentos percebi sim o surgimento do protagonista, como, por exemplo, na aula que fizemos dois grupos para exercitar os papéis. Também na aula das fotografias, e em vários outros momentos. Acredito que todos foram protagonistas em algum momento.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. Na aula das fotografias, por exemplo.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista, em minha opinião, seria a personagem que em determinado momento se destaca na dramatização, seja por seu papel ser o fundante do jogo dramático, seja por uma ação inesperada que modificou a cena.

Identificação: J5
Tem experiência com teatro? Sim. Qual? Um curso de dramatização.


J6
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Sim. A minha vida até mudou para melhor. Acredite! Isso na realidade me ajudou para a minha carreira ainda não consolidada como Atriz. E todas as aulas eu saía como se estivesse no céu voando. Uma sensação indescritível. Perfeito!

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim. A forma natural que agimos, a autonomia e destreza dos exercícios isso foi tudo na realidade. O jogar foi fundamental para entendermos o processo.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Sim na aula antes de discutimos o texto, a Professora falou bastante do caso da Aline o Barros como sociodrama e vários exemplos. E naquela oficina os exemplos dos dois conceberam os protagonistas.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. Quando a Professora espalhou na sala placas com palavras da nossa unidade eu escolhi adivinha qual? PSICODRAMA e escolhi por que na minha vida como bailarina muitas vezes fui PROTAGONISTA em peças de teatro também. E sem contar na minha vida os vários papéis de PROTAGONISTA que eu exerço. E isso faz parte da minha personalidade. Um dos meus grandes objetivos de ter feito Psicologia da Personalidade era apreender sobre o PSICODRAMA coisa que infelizmente eu tive somente uma aula teórica e tive que entregar trabalho escrito e fiquei somente na vontade.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
PROTAGONISTA – É o ator ou atriz principal de uma novela, peça, coreografia, podendo representar de diversas formas.

Identificação: J6
Tem experiência com teatro? Sim
Qual? Oficinas, diretora, cenógrafa, coreógrafa, bailarina, produtora.
Você já trabalha? Sim


J7
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Sim. Gostei muito da primeira aula que participei. Que foi a de treino de espontaneidade, quando relembramos os jogos da nossa infância e eu senti uma interação muito boa com a turma apesar de ser a minha primeira aula.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim. Creio que a própria possibilidade de discutirmos a nossa liberdade e o clima das aulas que ajudam na liberdade de expressão do corpo ajudam na espontaneidade.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Na ultima aula na qual abordamos o sociodrama os protagonistas foram o Barros e a Aline, pois o que abordamos em relação aos momentos pelos quais eles estavam passando serviu inclusive, para que discutíssemos outras coisas pessoais. Enfim os “dramas” pelos quais eles estavam passando serviram de base para as encenações e discussões.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. Senti-me um pouco protagonista quando uma colega me escolheu no jogo, para ser a primeira no seu time de queimada. Quando criança eu nunca era escolhida para nada.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista é o que está no acontecimento. Independentemente de ser o que fala ou não, mas o que contribui para o que está acontecendo, o que muda. É a pessoa que é capaz de fazer-se marcante.

Identificação: J7
Tem experiência com teatro? Qual? Não.


J8
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Sim. Como nas aulas foi trabalhado a espontaneidade, e eu sou uma pessoa que não gosto muito de me expressar, isso me ajudou muito, porque nas aulas houve uma participação grupal, e sem perceber eu já estava falando.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim, a turma realmente se colocou a dispor para realizar as atividades, contribuindo para o progresso das aulas, assim acho que a maioria das pessoas começaram a participar com um pouco de timidez, mas a partir do nosso envolvimento, o trabalho foi sendo bem realizado.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Sim. Na última aula quando foi trabalhado o sociodrama, onde pudemos visualizar a Aline (Não sei se o nome dela é bem esse), onde representamos a sua dor, que estava focada em passar na prova da auto-escola.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. Na aula que teve o momento fotográfico, e que foi delimitado um espaço para cada um complementar a cena e depois dizer o que estava pensando.
Outro momento também foi quando representamos a dor de duas pessoas, e íamos invertendo os papéis a partir necessidade da pessoa de se expressar.


5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Acho que protagonista é a pessoa que é o foco da história, mas no Sociodrama, a dor de um indivíduo (Protagonista), representa um emergente social (grupo).

Identificação: J8
Tem experiência com teatro? Qual? Não


J9
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Acredito que toda experiência nova é sempre bem-vinda, devemos estar sempre preparados para coisas novas, principalmente nós pedagogos, que a todo o momento estamos lidando com a diversidade. Comecei a ver a vida com um olhar mais lúdico, procurando ver graça em coisas que antes não vida, ou me sentir importante fazendo algo que antes não considerava tão importante assim. Os jogos me modificaram no sentido de transcender minha forma de ser e agir, estamos tão atrelados ao cotidiano, a uma forma de vida, a um meio de comunicação, quando vemos e vivenciamos formar diferentes de se estar fazendo tudo isso a gente passa a se perceber em um contexto que podem sim fazer parte de nossas vidas.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim e não. Parto do princípio que depende do dia, do momento e da energia. Não foram todos os dias que me senti totalmente à vontade com liberdade para me expressar e interagir como um todo. Tem atividades que o grupo deve estar em sintonia, caso contrário as coisas não fluem como deveriam. Vejo que numa visão mais geral me senti sim com liberdade, me senti bem acolhido no grupo e isso foi fundamental no decorrer das atividades.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa” / “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Acredito que todos fomos protagonistas em determinado momento. Quando chegava o momento de cada um agir acredito que foi o momento em que o protagonista entrava em ação. Assim como no sociodrama, que na maior parte do tempo os protagonistas foram os que levantaram a angústia, no caso eu fui um desses. No decorrer do sociodrama os participantes da cena também dialogaram, ou seja, foram protagonistas.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim, me senti em todas as aulas. Em cada uma dessas aulas teve um momento em que tive que agir, me expor, encenar, nesse sentido acredito que eu tenha sido protagonista. Na foto, no momento que tive que me posicionar fui o protagonista, no sociodrama, no momento em que fui o professor fui o protagonista.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
É o destaque, o sujeito que em determinado momento tem a atenção voltada para si, em determinados casos podem ser vários protagonistas, em outros pode ser nenhum. Tem momentos que o destaque não está focado nem nos humanos, e sim no ambiente. Então acredito que nesse sentido o protagonista é quem exerce o “papel principal”.

Identificação: J9
Tem experiência com teatro? Sim. Qual? Psicodrama


J10
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Na minha vida pessoal, senti-me menos tímida e comecei a dar mais valor para o papel do teatro na formação da personalidade e para o conhecimento do outro. Na minha vida profissional, percebi formas de alcançar o interior das crianças e conhecê-las melhor. Não estou certa ainda se serei capaz totalmente de trabalhar os problemas, mas sei que foi um primeiro passo bem importante.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
No início sempre era um pouco mais difícil, mas aos poucos ia me sentindo mais à vontade. Acredito que o aquecimento e as dinâmicas, bem como o papel do dirigente foram essenciais para estimular essa liberdade e tornar os jogos mais naturais.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Percebi o nascimento do protagonista principalmente no dia que tratamos de sociodrama, escolhemos uma dificuldade a ser superada, e a pessoa do grupo que demonstrou essa dificuldade primeiro fez seu próprio papel, encenamos cenas e percebi o surgimento do protagonista no momento em que aquela dificuldade era superada pelo personagem encenado pelas pessoas do grupo.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Não cheguei a me senti protagonista, mas me identifiquei muito com o protagonista na aula do sociodrama, quando encenaram a cena do professor e sua turma indisciplinada.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
É a personagem que em um momento específico do jogo dramático assume o problema compartilhado e supera-o, enfrenta-o. É a personagem que se destaca.

Identificação: J10
Tem experiência com teatro? Qual? Não


J11
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Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Os jogos vivenciados nas quatro aulas ministradas pela professora serviram para eu liberar a carga negativa que carregava comigo quando chegava à aula, experienciar o cotidiano dos colegas de sala e os conceitos abordados em cada um dos seis textos lidos, fazer um elo, uma ligação entre os textos, as experiências e as discussões feitas nos primeiros e segundos momentos, respectivamente, de cada uma das quatro aulas. Posso dizer com toda certeza que, de cada uma das quatro aulas vivenciadas por mim, sai modificada/diferente/melhor de como havia chegado pois após participar dos jogos e das discussões acerca dos textos lidos, me senti livre, feliz, em paz comigo mesma, tranqüila, relaxada, confortável, enfim, muito bem.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Em todas as quatro aulas me senti super livre e à vontade para jogar individual e coletivamente pois tanto as (os) mestrandas (os) quanto o envolvimento e a união do grupo me fizeram agir e querer participar de tudo o que havia sido proposto.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Treino de Espontaneidade: em todos os treinos de espontaneidade feitos nas quatro aulas, percebi que todos nós, o grupo todo, éramos protagonistas, pois todos foram aquecidos para entrar no clima para o que seria feito posteriormente.
Jogos Teatrais: nos jogos teatrais senti que todos nós, o grupo todo, fomos protagonistas pois todos nós nos entregamos a atividade, tentando ser os mais espontâneos possíveis.
Sociodrama: no sociodrama observei que o grupo foi protagonista pois “representamos/retratamos” o problema/desconforto de uma pessoa como se fosse do grupo e depois vimos que era comum a muitos do grupo.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Tanto nos jogos apresentados como em todos os momentos das quatro aulas me senti protagonista pois o grupo como um todo foi protagonista e como fiz/faço parte dele também sou uma protagonista.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Após ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, o conceito de protagonista, é o seguinte: no jogo, o protagonista é o jogador central da ação que está sempre escolhendo, resolvendo os desafios, as intrigas e as tensões do jogo; no teatro, o protagonista é o melhor/o principal ator e no sociodrama, o protagonista é o elemento do contexto dramático surgido de uma personagem que desempenha um papel questionador de sua emoção e ação, que representa emocionalmente as relações estabelecidas entre os elementos do grupo; ele é responsável pelo fio condutor da ação. Só existe protagonista em relação “a” outras pessoas. O protagonista está o tempo todo diante de escolhas e deve assumir o seu destino. E que não existe protagonista sem contextualização.

Identificação: J11
Tem experiência com teatro? Qual? Não


J12
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Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
A parte vivencial das aulas foi interessante. Gostei porque me soltei um pouquinho mais, entretanto algumas vezes me senti desconfortável pois ainda não me sinto totalmente entrosada no grupo. Apesar disso, os jogos foram bastante divertidos e ao término de cada aula eu me senti mais “leve”, menos cansada e mais disposta.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Algumas vezes sim, outras não. Quando o jogo exige que eu me “mostre” muito eu me travo, mas quando era uma atividade mais coletiva em que eu não ficava em destaque, eu conseguia sim sentir essa liberdade.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Acho quem em todas as vezes que fizemos alguma representação/dramatização existiu um protagonista. em todas as atividades que fizemos alguém ou algum sentimento se sobressaía aos demais e quando íamos fazer as dramatizações os outros grupos sempre identificavam um protagonista a partir disso.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Individualmente não. Mas talvez como grupo sim, pois de acordo com um dos textos trabalhados que no sociodrama o grupo é o protagonista da ação. Porque no sociodrama o grupo corresponde ao indivíduo no psicodrama. E a organização, ou seja, o comportamento e as idéias do grupo formam esse protagonista.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
O protagonista é o emergente do grupo podendo ser o próprio grupo em determinado momento, ou um indivíduo ou aflição que se sobressai sobre as demais em uma determinada dramatização. Mas para que este protagonista “entre em ação”, ele precisa estar ciente de seu papel de porta-voz do grupo e sentir-se a vontade para tal.

Identificação: J12
Tem experiência com teatro? Qual? Não


J13
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado(a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
As experiências foram muito boas e muito aproveitadas pela turma. Gostei dos jogos e das brincadeiras de infância, onde recordamos e nos divertimos. Com essa atividade percebi o quanto não valorizamos a brincadeira, mesmo na vida adulta e como ela faz falta. Outra experiência muito boa foram as representações desenvolvidas nas aulas, onde em uma delas vimos quantos papeis sociais nós temos e como eles podem interferir em nossas vidas de uma forma agradável ou não.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sou uma pessoa tímida que fala pouco e que não gosta muito de aparecer, por isso na primeira aula foi um pouco difícil me envolver. Mas na media em que o grupo foi interagindo essa liberdade foi proporcionada pelo grupo, pois nos sentimos seguros para qualquer exposição. Ou seja, o grupo criou uma atmosfera agradável para as apresentações, e também através dos treinos e dos exercícios ficamos mais seguros.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/ “grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Na ultima aula da Jussara o momento em que o Protagonista ficou mais evidente foi quando representamos a situação do Barros e da Aline. Neste momento os dois foram os Protagonistas que através de suas vivencias trouxeram não só os seus problemas e dramas, mas também os de toda a turma que de certa forma se identificou em algum momento com a representação dos dois.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
O momento em que me sentir Protagonista foi juntamente com o grupo. Um deles foi na aula em que representamos fotografias. Nesta aula representamos cenas isoladas ou do cotidiano em que a platéia analisava a cena montada pelo grupo que apresentava.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista é aquele, ou são aqueles que se destacam no contexto grupal. É a figura central e em torno dele circundam a historia, os fatos e acontecimentos. O protagonista pode representar características próprias ou pode ainda representar as características do grupo inteiro, onde o grupo se identifica com a história do protagonista em algum momento.

Identificação: J13
Tem experiência com teatro? Qual? Não


J14
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Sim, a experiência com jogos contribuiu para a minha vida,sentir-me como parte de um grupo me fez vivenciar o jogo como um momento em que era possível esquecer um pouco da realidade.A experi6encia do sociodrama em particular fez surgir a espontaneidade na turma.Compartilhava da dor de alguns colegas...

2. O primeiro passo para "jogar" é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim senti liberdade. Acho que o que proporcionou isso foram as técnicas de aquecimento. Os exercícios passados pela mediadora eram muito interessantes.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/“grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Sim. Em vários momentos foi possível identificar um protagonista.Um momento muito marcante para mim foi o sociodrama.Os protagonistas foram Luís e Andreza. Porém em vários momentos durante a vivência outras pessoas atuaram a partir da intervenção do diretor e compartilharam da "dor"dos protagonistas.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim quando a fala dos protagonistas era a mesma reação que eu teria diante de tal situação. Como, por exemplo, quando a Aline justificava ao pai porque havia reprovado na prova prática de volante ela disse: -“Eu estava muito nervosa"... E ainda: "Se precisar fazer o teste novamente eu pago”!

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista é a pessoa escolhida para representar a dor que aquele grupo sente. O protagonista é aquele que apresenta a dor mais latente e por isso é capaz de dramatizá-la

Identificação: J14
Tem experiência com teatro? Qual?Mais ou menos fiz teatro apenas na escola por um ano.


J15
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Em tudo. Conhecer o sociodrama, jogar, me abrir, tudo isso foi de extrema importância e trouxe profundas modificações em minha vida. Claro, algumas a longo prazo, mas acredito que isso fará a diferença na relação que eu tenho com o mundo, com a vida em sociedade, com os grupos dos quais faço parte. Pelo menos tentarei fazer.

2. O primeiro passo para "jogar" é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
No início sempre nos sentimos presos a certas coisas que a própria sociedade nos impõe. Temos medo de nos expor, receio pelo que podem pensar, e acabamos fazendo mal a nós mesmos, por não fazer aquilo que temos vontade, que sentimos necessidade. Nos jogos vivenciados, a liberdade sentida por mim, foi reflexo da liberdade transmitida pelo grupo. Todos participaram, interagiram, confiaram uns nos outros, daí os bons resultados.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/“grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Sim. Algumas vezes mais claramente, outras não (aí já não sei se posso continuar com a afirmativa). Muitas vezes eu me senti protagonista. Outras, como no dia da fotografia, por exemplo, o grupo que se propunha a fazer parte da foto, era o protagonista. Nessa situação, também havia o protagonista da foto, mas a mim sempre ficou mais evidente o grupo.
O protagonista individual, vamos dizer assim, a mim pareceu mais evidente no dia do sociodrama, do qual não pude participar, mas foi nítido pelos comentários.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sim. Como já havia dito, no dia da fotografia, me senti protagonista como parte do grupo que exercia esse papel. E, na busca por uma posição adequada na foto, senti que cada um procurava a sua de acordo com a sua necessidade, procurando aparecer mais ou menos, fugindo ou não desse protagonismo.

5. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Protagonista é aquele que mais se evidencia em um determinado grupo, num dado momento. “Aquele que mais aparece”, vamos dizer assim.

Identificação: J15
Não tenho experiência com teatro e trabalhei com educação infantil já.


J16
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Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
Sim!!! Os jogos me possibilitaram uma libertação, uma confiança em mim mesma para arriscar sem ter medo das consequências! Diferente é pouco, em alguns momentos me senti até outra pessoa, parecia que não era eu e sim uma pessoa com meu corpo fazendo coisas que eu não teria coragem pra fazer!

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Sim! A confiança que a professora transmitia ao realizar as aulas, os jogos; o aconchego da turma!

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/“grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Sim, em dois momentos: quando o Barros partilhou sua dificuldade em sala de aula e fazendo o grupo viver isso no sociodrama; a Aline quando também partilhou sua angústia em não passar na prova prática de direção e fez o grupo também vivenciar isso.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Sinceramente, acho que não! Talvez pela minha timidez. Em alguns momentos me pronunciei perante a turma mas não considero isso como protagonizar.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
Protagonista é aquele que não somente faz a cena, mas também a vivencia, a traz para sua vida de alguma forma.

Identificação: J16
Tem experiência com teatro? Qual? Não!


J17
INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA JOGADOR-ESTUDANTE

Entrevista escrita

Tendo por base os textos lidos, os jogos vivenciados, responda as questões abaixo.

1. Em que a experiência com os jogos vivenciados nas 4 aulas até agora, serviu para a sua vida? Você sentiu-se modificado (a) ou diferente após participar dos jogos? Como?
As primeiras vivências foram de fundamental importância para o autoconhecimento, me senti levado para dentro do próprio ser. Pois acredito ser extremamente relevante nós nos conhecermos primeiramente, para sabermos qual é o nosso perfil, o nosso corpo, nosso papel.
Me senti mais voltado pra mim mesmo e pude experimentar do que é mais importante no ser humano, que é a relação com tudo, com o ambiente, com as pessoas, conosco mesmo. Sem falar também na nossa postura em todas elas.

2. O primeiro passo para “jogar” é sentir liberdade pessoal. Você sentiu liberdade nos jogos vivenciados nas 4 aulas? O que proporcionou essa liberdade?
Certamente me senti livre nas vivências para “jogar”. Acredito que o que mais proporcionou isso foi o caminhado pela sala de aula, com o intuito de preencher todos os espaços vagos. Quando fiz isso pude aproveitar a oportunidade para refletir sobre a minha pessoa, sobre minha relação com o mundo e inclusive com as pessoas. Isso me proporcionou muita liberdade e reflexão.

3. Na experiência com os jogos apresentados (treino de espontaneidade, jogos teatrais, sociodrama) você percebeu o surgimento do Protagonista? (Relate o momento, em que jogo, nome da “pessoa”/“grupo” que em sua opinião foi protagonista).
Quando utilizamos dos jogos teatrais, o Alex, quando tentava fugir da cena do assalto, ele representou muito bem o papel de protagonista, pois mesmo não estando no foco da ação, ele roubou a cena em que conseguiu desequilibrar o ato e criar um clima de descontração e divertimento. Principalmente por ele ser um homem tão grande e forte, todos esperavam que ele travasse uma luta com os bandidos e não que fugisse.

4. Nos jogos apresentados ou em outro momento das 4 aulas vivenciadas, você se sentiu “protagonista”? Responda com exemplos (como, onde, em que momento...).
Especialmente com a dinâmica da fotografia/encenação quando nos colocamos no lugar de cada personagem, inclusive nosso amigo Barros e a Aline expuseram suas dificuldades, um com a prática docente e no segundo momento a Aline com sua dificuldade em tirar a carteira de motorista. Percebi que no cotidiano podemos nos colocar no lugar das pessoas e sermos o protagonista naquele momento e pensar numa solução com vários pontos de vista diversos. E o curioso é que percebemos que, na verdade, o problema está conosco. Muitas vezes achamos que a questão está nos outros, que a culpa não é nossa, e que basta projetarmos em fatores externos todos os problemas do mundo, e ta tudo resolvido, contudo, quando voltamos para nós mesmos, nos reconhecemos e nos avaliamos, percebemos que nós podemos mudar, podemos abrir mão dos nossos caprichos, das nossas manias que ofendem os outros, magoam ao próximo e seremos pessoas melhores. E certamente poderemos mudar nosso ambiente, nosso ponto de vista, nossa opinião.

5. Depois de ter lido sobre protagonista no jogo, no teatro e no sociodrama, em sua opinião, qual é o conceito de Protagonista?
É aquele ser que participa ativamente no contexto do jogo e pode se enquadrar dentro do vários contextos, social, grupal e dramático e para isso fluir são necessários outros 3 passos: aquecimento, ação dramática e comentários das visões de mundo de cada um envolvido na trama sociodramática.

Identificação: J17
Tem experiência com teatro? Pouca Qual? Já fiz algumas apresentações com o grupo de jovens da igreja.